Várias cidades e vários movimentos têm vindo a restringir ou proibir o uso de trotinetas partilhadas nas cidades. Temo que Lisboa siga pela mesma via demagógica e populista. O ódio que algumas pessoas têm às trotinetas elétricas partilhadas ou mesmo bicicletas é sintomático da psicologia evolutiva e da irracionalidade da turba.
As trotinetas elétricas partilhadas deveriam representar o pináculo para qualquer ambientalista que se interesse pela mobilidade:
- são 100% elétricas;
- são leves, logo muito mais sustentáveis na produção;
- são pequenas, logo ocupam pouco espaço público; e
- são partilhadas, ou seja colectivas.
Por que motivo recebem então o ódio da turba:
- são detidas por "grandes empresas capitalistas que só visam o lucro", e não por "cooperativas dos amigos das trotinetas";
- são conduzidas essencialmente por turistas, "esses malandros que vêm roubar casas às pessoas e gentrificar os bairros";
- são conduzidas por gente irreverente (aqui partilham o ódio com as bicicletas e ciclistas urbanos); e
- são uma minoria; e a turba tem propensão para odiar minorias; vejamos como os estafetas indostânicos recebem também parte do ódio da turba quando conduzem as suas bicicletas, apesar de não serem turistas e "estarem a trabalhar".
Todos os argumentos de segurança são simplesmente risíveis:
- por estarem limitadas a 30km/h e por serem leves têm uma perigosidade muito menor (Física 101, energia cinética é proporcional a m.v^2); muito pior são as trotinetas privadas adulteradas que chegam a andar nas ciclovias a 60km/h;
- 100% dos atropelamentos mortais são causados por carros ou veículos mais pesados; nenhuma trotineta alguma vez causou algum morto por atropelamento; e
- o facto de ocuparem passeios implica uma perigosidade muitíssimo inferior ao estacionamento ilegal de automóveis em espaços pedonais, esse sim uma verdadeira praga perigosa nas nossas cidades.