Os professores em Portugal ganham muito bem, e quem o diz é a OCDE


No último relatório disponível da OCDE (2023) que compara os salários de professores e directores de escola com os salários dos demais trabalhadores qualificados do sector terciário, os professores portugueses aparecem em segundo lugar, apenas ultrapassados pela Costa Rica. Já os directores de escola aparecem em primeiro lugar de todos os países analisados. Em ambos os casos, os salários estão muito acima da média dos demais países da OCDE. 

Por isso não, ao contrário do que diz a opinião publicada, os professores em Portugal não ganham mal. Pelo contrário, os professores em Portugal ganham muito bem, e quem o diz é a OCDE.


E então por que motivo há falta de professores?

Pergunta perfeitamente legítima que tem uma resposta deveras simples para quem perceba minimamente de economia. Porque ao contrário dos demais países da OCDE, onde a contratação de professores é feita pelas escolas ou pelos municípios, Portugal ainda adota o modelo soviético centralizado que não considera nem as zonas do país nem as áreas pedagógicas.

No meu entender, devíamos sim dar liberdade às escolas públicas, dentro do orçamentado em função do número de alunos e da zona do país, para pagarem o que quiserem aos funcionários em função das necessidades e do mercado. Este modelo soviético centralizado em vigor que não considera regiões do país ou áreas pedagógicas com maior necessidade falhou e está esgotado.

Há excesso em certas áreas e zonas do país, e muita escassez noutras. A solução não é triplicar os salários a todos, pois tal teria que ser pago com mais impostos, é antes flexibilizar a contratação e serem as escolas a contratar directamente definindo salários, como sucede em tantos países da Europa. Ter professores de Sociologia a ganhar o mesmo que de Matemática é completamente anacrónico, considerando a abundância e escassez de uns e outros. Qual é o especialista em IT que quer ir dar aulas de Informática numa escola secundária? Já professores de educação física há em excesso, por exemplo.

Imagine que tem uma oficina que repara motores, desde motores de varinhas-mágicas a motores de aviões. Agora imagine ser obrigado a pagar o mesmo a todos os seus mecânicos, independentemente da especialização ou escassez de cada um, apenas porque têm todos a denominação profissional de "mecânico de motores".