André Ventura, o cigano político


A campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2024 está acesa em termos de vocabulário político, tendo o candidato André Ventura mencionado que o PSD era "uma espécie de prostituta política". Usando da mesma liberdade no uso de adjectivos carregados de pathos, posso também mencionar que André Ventura é um autêntico "cigano político".

A um ex-empresário que nunca contribuiu para a Segurança Social e que receba pensão mínima de 300 euros por mês, mas que seja também senhorio e receba adicionalmente 5000 euros por mês em rendas, André Ventura propõe dar-lhe adicionalmente 500 euros por mês à custa dos nossos impostos. E isto não representa casos pontuais, pois a denominada Condição de Recurso do Complemento Solidário para Idosos poupa ao estado (nós contribuintes) vários milhares de milhões de euros por ano.

Ventura também diz claramente que vai obter 20 mil milhões de euros confiscando os corruptos. Se o património de Ricardo Salgado for de 100 milhões de euros, é preciso confiscar 200 Salgados por ano, todos os anos doravante. Fora o facto que o confisco do património de criminosos demora tempo após um processo longo de investigação, a não ser que defenda o confisco sumário à mínima suspeita das autoridades, o que lembraria uma distopia estatista e autoritária.

Também quer dar direito de greve à PSP e GNR; ora basta estas forças fazerem ambas greve geral e os contribuintes serão obrigados a pagar-lhes tudo o que quiserem, e acabarão como os maquinistas da CP, a executar uma tarefa com pouca qualificação académica mas a auferirem mais que um engenheiro, à custa, obviamente, dos nossos impostos. No caso da Saúde e Educação perante a incompetência do estado em providenciar serviços de qualidade ao cidadão, incompetência essa que também deriva da copiosa lista de reivindicações e direitos dos profissionais dessas áreas (por exemplo as 35 horas de horário semanal), o cidadão limita-se, quando pode, a recorrer aos serviços do sector privado para colmatar as carências do sector público. Querem mesmo que os cidadãos façam o mesmo no caso da Segurança? Se eu sentir que perante um assalto à minha casa, situação em que a minha família fique em risco, não poderei contar com as forças de segurança porque estão em greve, que não haja dúvidas que recorrerei a outros métodos para salvaguardar a segurança da minha família.

Adicionalmente o programa eleitoral do Chega envolve um custo total, considerando perda de receita e aumento de despesa, de cerca de 25 mil milhões de euros, cerca de 4800 euros por ano por trabalhador ativo. Como o confisco aos corruptos é um delírio, das duas uma, ou irá mesmo avante e será um autêntico rombo nas contas públicas onerando ainda mais os trabalhadores com impostos em benefício essencialmente dos pensionistas, ou está a mentir com todos os dentes ao eleitorado. Diria que esta segunda opção é a mais plausível. Como diria Thomas Sowell, um dos grandes intelectuais e economistas do nosso tempo, o sucesso dos políticos mentirosos também se deve ao eleitorado, pois quando queremos o impossível, apenas os mentirosos nos satisfazem.

Eu percebo que Ventura seja apelativo porque é óptimo a malhar na esquerda (também gosto, não o nego), mas por vezes, como dizem os brasileiros, "é preciso cair na real". Não se deixem levar pelas cantigas deste charlatão, deste cigano político. Se fordes de Direita, votai AD ou IL.

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