O tirano Khomeini combateu ferozmente, na clandestinidade e no exílio, o tirano Reza Pahlavi |
Francisco Louçã no seu espaço de comentário (a partir do minuto 12:00) afirma que é um "insulto à inteligência" fazer comparativos entre o PCP e o Chega no que concerne ao facto do PCP defender regimes tirânicos, porque, de acordo com Louçã, os militantes do PCP foram dos mais veementes opositores da tirania preconizada pelo regime de Salazar. Fernando Medina defende publicamente a mesma tese, referindo que a nossa liberdade para nos expressarmos politicamente devemo-la aos mártires do PCP. Para ambos, se o PCP combateu um tirano, tal apenas significa que é um partido que não pode defender tiranias. Ora tal é uma enorme falácia do ponto de vista lógico-argumentativo, pois há uma imensa variedade de tiranias, sendo perfeitamente possível ser-se tirano e combater-se uma tirania com a qual não concordamos. E a história está repleta de exemplos de tiranos que combateram outros tiranos. O Exército Vermelho liderado por um tirano denominado Estaline combateu a Wehrmacht liderada por um tirano denominado Hitler. Ruhollah Khomeini, que implementou uma tirania de índole islamita no Irão, combateu ferozmente o Xá Reza Pahlavi, outro tirano sanguíneo. Os bolcheviques, bárbaros e tiranos sanguíneos de índole colectivista, combateram no início do século XX o Czar Nicolau II, outro tirano sanguinário que vivia de forma faustosa enquanto a sua população vivia famélica. Será que é reconfortante para um preso político que vivia num gulag, saber que os seus captores combateram um tirano? O tirano Fidel Castro combateu o tirano Fulgencio Batista, aliás apoiado pelos EUA, visto que os EUA também são pródigos a apoiar tiranias, desde que as mesmas sejam condicentes com os seus interesses económicos. E falo apenas da História contemporânea, porque se remontarmos à idade média, não consta que houvesse regimes libertários ou democráticos a lutar contra tiranos, bem pelo contrário, todo o panorama político-militar não passava de tiranos a combaterem outros tiranos com diferentes nacionalidades, religiões ou visões ideológicas. Por conseguinte, consagrar ao PCP e aos seus militantes algum tipo de direito ou moralidade régias e supremas, por terem combatido de forma veemente um tirano como António de Oliveira Salazar, do ponto de vista lógico e político, é uma enorme falácia, pois tal nada nos diz sobre a índole tirana do PCP e dos regimes tirânicos que defende. Na prática, o que o PCP queria ter feito e fá-lo-ia se não tivesse tido oposição dos democratas, seria apenas "mudar a cor da tirania". Um oficial do Exército Vermelho destacado para a frente de combate terá dito uma frase famosa que desmonta a tese de Francisco Louçã: "entre combater por um tirano como Estaline ou outro como Hitler, limito-me a escolher aquele que fala Russo".
Sem comentários:
Enviar um comentário