Das declarações do eurodeputado polaco sobre a igualdade de género

      Nada é tão belo como a Verdade
              Boileau

Um eurodeputado polaco afirmou, no Parlamento Europeu, que as mulheres deveriam ganhar menos do que os homens pois são, no seu entender, "mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes", tendo o referido eurodeputado facultado alguns dados estatísticos, como os resultados nas olimpíadas ou no xadrez, para alegadamente demonstrar que as mulheres são, em média, mais fracas fisicamente e menos intelectualmente capazes. Cumpre-me apenas apresentar quatro pontos.

1) Sancionar o eurodeputado por dizer o que pensa, como foi pedido por vários eurodeputados e membros da sociedade civil, é mais um ataque gritante à liberdade de expressão, levada a cabo pela vox populis e pela ditadura do politicamente correto, por muito que discordemos das suas opiniões, principalmente num lugar onde a liberdade deveria ser um dos magnos pilares, ou seja, no Parlamento Europeu, tendo em consideração em acréscimo a diversa jurisprudência que o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem tem levado a cabo com referência à liberdade de expressão.

2) Por muito animalesco que seja o referido deputado nas suas declarações, ele apresentou factos estatísticos que justificam o porquê da desigualdade salarial. As mulheres, em média, devido à evolução antropológica, têm uma inteligência espacial mais baixa que os homens (no Paleolítico as mulheres ficavam na tribo enquanto os homens saiam para caçar, e a necessidade de caça foi o que providenciava aos animais capacidades abstratas e espaciais de inteligência), têm menor nível de musculatura (pela mesma razão), e são menos agressivas, o que explica em parte o menor número de mulheres nas lideranças das empresas ou dos países. Têm todavia as mulheres, em média, maior inteligência social (tendo ficado mais tempo junto dos outros membros da tribo, obrigou-as a otimizar as relações sociais e interpessoais com os demais membros da tribo), maior criatividade, maior capacidade para cuidar (são elas que no Paleolítico praticamente sozinhas cuidavam dos filhos) e muito maior resistência à dor (devido ao parto). Por isso são usadas amiúde e preferencialmente por estados e empresas para cargos diplomáticos, relações públicas, recursos humanos, cargos onde se envolve a psicologia, ensino ou cuidados médicos.

3) Acima das questões físicas, genéticas, fenotípicas ou evolutivas, e podemos também usar estes argumentos para justificar a desigualdade entre raças, etnias, estrato social, idade, nacionalidade ou orientação sexual, porque elas existem; está o respeito pelos Direitos Humanos, à luz dos quais, qualquer ser humano deve ser tratado pelo estado e pelos outros sem qualquer tipo de discriminação, aliás, tal como plasmado na Constituição da República, no artigo com referência ao princípio da igualdade, princípio que defendo veementemente. Ou seja, antes da genética, da evolução, da estatística ou do preconceito, está, no desígnio de um princípio civilizacional, a Carta dos Direitos do Homem, na qual está patente que todos devemos ser tratados de forma equalitária. Nesse sentido, declarações públicas como as proferidas por um alto membro do Parlamento Europeu, são no mínimo, muito pouco delicadas.

4) As feministas têm essencialmente, no meu entender, de encarar o seguinte paradoxo, na senda da defesa da igualdade de géneros, a qual, naturalmente também defendo. Caso as mulheres defendam medidas de discriminação positiva, estão de facto, a assumir que a estatística e a genética são importantes, e que existe à priori uma diferença entre géneros que debilita as mulheres, e que, por conseguinte deve o legislador, tal como já faz para pessoas com debilidades físicas, enveredar por políticas de discriminação positiva. E acima de tudo, julgo, que então deveríamos também enveredar por políticas que evitassem a discriminação entre raças ou etnias. O Parlamento Português e o Parlamento Europeu, não têm, e devo confessar que o considero no mínimo muito estranho, um único deputado negro.

Concluo que, por muito animalescas, na forma, que sejam as declarações do sr. eurodeputado, elas baseiam-se em alguns factos estatísticos verdadeiros. Mas acima da estatística ou da genética, está a carta dos direitos humanos, à luz da qual todo o ser humano deve ser encarado com respeito, liberdade e igualdade, pelo estados e pelos outros.

2 comentários:

  1. O género feminino é diferente do masculino. Não é por muito se dizer que são iguais que passam a ser.
    As mulheres deviam ter orgulho em serem como são, serem mulheres, e o homens idem. As mulheres competentes para gerirem empresas aparecem de uma forma natural como gestoras dessas empresas. É porque tiverem um percurso profissional que lhes concedeu essas competências. São os acionistas que nomeiam as administrações e não me parece que hoje haja tanto preconceito acionista que não se decidam por uma boa gestora só por ser mulher.

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    1. A questão, é que estatisticamente as mulheres são fisicamente mais fracas e menos agressivas (basta observar o pugilismo ou um exército convencional) e têm menor inteligência espacial (basta ver os registos dos prémios Nobel da Física ou os top 100 no Xadrez), mas isso não implica que "tenham" (must) que ganhar menos ou de ter menos direitos. Tal apenas explica a razão porque ganham menos e porque estão em cargos de menor poder, em média. As declarações do referido deputado foram animalescas, porque da premissa, concluiu que as mulheres "tinham" (must) ganhar menos. Ora tal conclusão vai contra o mais basilar dos direitos humanos, mais especificamente o princípio da igualdade.

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