Considera o caro leitor que um cidadão de bem, residente no município de Lisboa e pagante de todos os seus impostos municipais e nacionais, não tendo automóvel particular, poderia requerer à autarquia doze metros quadrados de espaço público 24 horas por dia, 365 dias por ano, eventualmente para um banco público, um micro-jardim ou um sofá público, pagando por tal aluguer 1 euro por mês?
O binómio esquerda-direita na Neurociência e na Política
De acordo com a neurociência e a psicologia evolutiva, a esquerda, ou seja o lado esquerdo do corpo controlado pelo hemisfério direito do cérebro, é, científica e simbolicamente falando, feminina, passional, criativa, compassiva, artística, literata, erudita e cultural. Pelo contrário, a direita, relacionada com o lado direito do corpo, que é controlado pelo hemisfério esquerdo do cérebro, é, nos mesmos pressupostos científicos e evolutivos, masculina, racional, analítica, especulativa, vigorosa e objetiva. Um matemático quando escreve um poema, faz uso da sua "esquerda", da mesma forma que uma poetisa, faz uso da sua "direita", quando executa um cálculo mental. O que nos define a todos é a nossa Humanidade, e em todos os seres humanos, existem componentes racionais e passionais, em diversos graus, independentemente do género. O conceito de esquerda e direita na política surge apenas com a Revolução Francesa, visto que no parlamento de então, os representantes o povo se sentavam à esquerda, e os da aristocracia à direita, e é um facto, que desde então, a esquerda sempre foi muito mais passional no seu ideário que a direita. A saudação Romana, que faz uso do alongamento vigoroso do braço direito, foi rebuscada pelo fascismo, enquanto os socialistas fazem uso do punho esquerdo estendido, enquanto cantam. A República sempre fez uso de iconografia feminina na sua propaganda, metodologia que o fascismo não seguiu. A maior simbiose destes dois pólos está na pessoa de Karl Marx, um dos maiores filósofos da história ocidental, tendo escrito um autêntico tratado político-económico, para o qual enveredou por uma dialética analítica, objetiva e racional, e que se tornou um dos pilares mestres da ideologia da esquerda.
Jamais podemos olvidar todavia que a Emoção, por muito importante que seja na vida do ser humano, nunca distorce a Verdade!
Dívida pública de Portugal e da União Europeia
Dirão alguns sectários dos ideários da esquerda político-partidária que haverá, quem sabe, ainda margem de manobra para mais despesa pública e menos receita fiscal, todavia a margem de manobra orçamental é muito ténue, do ponto de vista das finanças públicas. Recordo que em 2000 a dívida pública portuguesa era cerca de 50% do PIB, uma das mais baixas da UE, e mesmo em 2003 não chegava a 60% do PIB, tal como consta nos respetivos dados do Eurostat. Tal permitiu que o partido socialista, nos seus dois governos, ou seja, durante os 6 anos e 3 meses dos XVII e XVIII Governos Constitucionais, entre março de 2005 e junho de 2011, pudesse adotar políticas definidas como expansionistas, pois em 2003 Portugal tinha uma dívida pública, comparativamente com a de hoje, muito mais baixa.
Os sucessivos défices anuais, nos governos do partido socialista, foram sempre colmatados com o aumento substancial da dívida pública. No governo seguinte, os mesmos foram compensados com o aumento significativo da carga fiscal, essencialmente sobre os trabalhadores, através do IRS. Chegados a 2015, o país, do ponto de vista macro-orçamental, não tem mais margem de manobra, nem para aumento de impostos, nem para o aumento da dívida, sendo estas por natureza, as ferramentas tradicionais para colmatar défices públicos. As políticas públicas de crescimento económico pela via do consumo, estão, factualmente demonstradas que falharam, pois foi exatamente esse tipo de políticas que conduziu o partido socialista na sua última legislatura, sendo que o dinheiro que foi injetado na economia, não proveio do aumento de produção, mas tão-somente de dívida, quer privada, quer pública. Em acréscimo, Portugal já é o país da UE, que mais paga de juros de dívida pública, em percentagem do PIB, cerca de nove mil milhões de euros, parcela a qual muitos economistas definem, usando o eufemismo de serviço da dívida. Rogo por conseguinte aos eleitores, racionalidade e literacia numérica.
Dívida pública em percentagem do PIB em Portugal e na União Europeia, de acordo com Sistema Europeu de Contas de 2010. Fonte: Eurostat |