A dívida é recentemente o mecanismo financeiro com que banqueiros e agiotas, sem ser preciso produzir, escravizam os povos, estrangulando-os com juros compostos e obrigações financeiras exponencialmente crescentes. Um empréstimo de apenas 100€ com uma taxa de juro composto de 5% ao ano, resulta numa dívida, volvidos 40 anos, de cerca de 700€; ou seja, sete vezes o valor inicial. O problema das dívidas, é que os eleitores encaram-nas como se de amigos ou família se tratasse, incutindo-lhes um valor moral. Não há moralidade perante agiotas, que agem quase sempre de forma calculista, sem quaisquer pressupostos morais; todavia sabem incutir nos povos ditâmes morais, que remontam ao período de influência da Igreja, que ditava que era feio não pagar as dívidas; mas por essa altura também era heresia cobrar juros.
Não defendo que não paguemos dívidas, digo apenas que o não pagamento de uma dívida numa economia de mercado, é tão-somente o não cumprimento de um contrato financeiro, algo que é deveras comum nas economias modernas. Quantos contratos de pagamento de telemóvel, televisão, eletricidade, água, casa, são incumpridos todos os dias na Europa? E não é por isso que lhes incutimos um valor moral. Nunca denominamos caloteiro alguém que não pagou a mensalidade do seu cartão de crédito, ou que se esqueceu de pagar a mensalidade da eletricidade. A Igreja teve uma enorme influência na forma como hoje encaramos uma dívida; pois numa altura em que não havia crédito bancário, só os filantropos e os caridosos emprestavam dinheiro, sem juros diga-se pois cobrá-los era pecado. Ora não pagar a alguém caridoso que nos empresta dinheiro sem juros, é de um desrespeito e frieza atrozes. Assim, a Igreja e o sentimento Cristão incutiram na moralidade dos povos sob sua influência, que era imoral não pagar uma dívida. Mas um agiota não é caridoso e por outro lado pratica juros compostos, que faz com que a dívida tenha um crescimento exponencial. Em acréscimo a função dos juros é não só cobrir a inflação, mas também o risco de incumprimento. Logo, não há quisquer normativos morais a ter em conta perante um incumprimento de uma dívida contraída numa economia de mercado onde os juros estão presentes. Quaisquer analogias, como demagogicamente vamos ouvindo, com "as dívidas a amigos ou à família", é estupidez ou ingenuidade.
Quem pense que pagar dívidas com juros é moralmente errado, também não as deve contrair. Digo eu...
ResponderEliminarEu não as contraio, mas a questão de saber quem é o culpado nessa dualidade, não é tão simples como quer deixar parecer. A própria Bíblia por exemplo sempre condenou a prática dos juros pois considerava-os imorais, na medida que o credor aproveitava-se da necessidade do devedor, para com isso, lucrar.
EliminarSim, é verdade que o cristianismo sempre foi contra a cobrança de dívidas com juros. Mas isso é uma longa história. Aliás, vou colocar uma questão para reflectir um pouco. Porque razão Hitler perseguiu os judeus? .. Nunca ninguém tem ideia da razão, inclusive professores de História. Porque raio ele não gostava de judeus (ele e não só)? A questão é que não pode responder a esta pergunta segundo o paradigma político actual.
ResponderEliminarA sua pergunta é muito pertinente e sobre a mesma tenho lido e refletido. O politicamente correto dita, que eram um bode expiatório fácil, numa Alemanha arrasada pela miséria, pobreza, endividada, com uma inflação galopante, onde os Judeus tinham apesar de tudo muitas posses, por norma negócios, e eram eles essencialmente os credores da maioria dos alemães, que naturalmente lucravam com isso em juros. Mas a perseguição aos Judeus, não vem do século XX, vem desde o Egito, passando pelo famoso cerco a Jerusalém por Tito em 70 a.c..
EliminarMesmo na idade média, os judeus eram os únicos a poder emprestar dinheiro a juros, porque um cristão não estava autorizado a fazê-lo segundo as leis canónicas. O próprio Marx escreveu também sobre "a questão Judaica". A questão judaica está para lá da questão dos juros e julgo que se trata de guerras milenares entre proto-povos semitas e indoeuropeus (ou ariano, sendo que esta última versão tem uma conotação pejorativa). Os nazis diziam-se representantes dos povos indoeuropeus (a suástica é um símbolo indoeuropeu ainda usado em templos budistas), ou arianos (da zona de Ária, no sul do Cáucaso; também há quem use caucasiano geralmente para "branco" mas está etimologicamente incorreto), e diziam-se lutar contra a ideologia inimiga judaica, que estava plasmada no socialismo (Marx era Judeu) e no Capitalismo (os judeus sempre ganharam muito dinheiro com a prática de juros; os EUA têm uma forte influência de Judeus). O ódio milenar aos Judeus é assim muito mais complexo do que apenas a questão dos juros. Mas não deixa de ser um paradoxo bíblico que hoje em dia, vejamos muitos cristãos banqueiros.
Gostava todavia de ler a sua opinião em relação a esta matéria.