Escrevo-vos de Vladivostok, e apesar de não visitar o meu país natal há
14 anos, tenho acompanhado meticulosamente tudo o que se passa no meu
país, essencialmente através do meu iPhone9, invenção russa, que me foi
vendida por um cazaque no expresso do Oriente, quando passava pela
Sibéria Oriental.
Houve alguém, que muito interessantemente me disse em tempos, que a maioria das pessoas em Portugal discutem política como se discute futebol, ou seja, de forma completamente irracional e apaixonada, defendendo as cores da sua tribo, como defendem as cores do seu clube. O paralelismo é interessante quando vemos gente que considero inteligente, como os três intervenientes do programa governo sombra, a discutir o “sexo dos anjos”, ou melhor dizendo, os genitais dos mercenários da bola. Ver Ricardo Araújo Pereira, um homem que segundo consta se diz de esquerda, defender um clube como o Benfica, onde os rácios salariais dos trabalhadores devem ser ainda maiores do que na JPMorgan, faz-me lembrar aqueles quadros surrealistas de Dali.
Eu tenho ouvido umas coisas, e contou-me no noutro dia um emigrante português a caminho de Pequim, que o povo luso salvou há uns tempos um banco, diz que se chamava BPN, mas cujos Negócios custaram a cada cabeça portuguesa (descontando as cabeças mais pequenas nos seres que têm duas) cerca de 750€. Foi nacionalizado, o povo pagou a fatura, e depois de sanado pelo erário público, foi de novo vendido a um privado por 170 vezes menos, ou seja 40 milhões. Quando ele me contou eu nem quis acreditar, por certo que um Estaline – e sempre o considerei um déspota e um tirano – já tinha colocado os responsáveis por esse saque público num gulag. Disse-me o meu compatriota também, que o dito responsável mor pelo saque no BPN e consequentemente no povo, até está em casa, tem direito a SportTV e Sexy Hot; e no outro dia a empregada contou a um jornal cor-de-rosa, que o dito vê sempre o telejornal da noite num jacuzzi com duas bailarinas russas em cada lado. Ao que parece o momento que lhe provoca maior efusão e erupção da líbido, não é quando as quatro meninas russas o afagam em simultâneo nos antípodas da sua carta anatómica, é quando vê uma notícia de cortes salariais e de mais medidas de austeridade sobre o povo, que lhe salvou o banco.
Nem quis acreditar no que ouvia, mas “prontos”, a gente sabe como o povo é sereno, e que está sempre predisposto a ajudar os mais desfavorecidos em caso de necessidade. Se calhar o coitado até está a receber o subsídio de desemprego. Mas depois o meu compatriota disse-me que o mesmo já tinha sido feito num banco de madeira, um tal de BANIF. Ok, pensei para mim, duas aceitam-se. Mas quando vou ao meu iPhone9 e me deparo que afinal, a coisa está preta num banco que é verde, leia-se BES, e que pode colocar-se a vaga hipótese de o povo salvar mais este banco, com um buraco extremamente maior; eu é que fico com muita inveja do Ronaldo, de não ter também aproveitado aquelas receitas bilionárias que recebeu com publicidade nesse banco.
É aqui que o clubismo partidário e ideológico é do mais ridículo que eu alguma vez já li, principalmente lido à distância. Dizem que o PCP, que se diz preocupar com o povo, já aflorou a questão da nacionalização do banco, mesmo sabendo que passados poucos anos, é para ser reprivatizado. Sempre que o PCP ouve a palavra “nacionalização” entra em pulgas e os cérebros dos membros do comité central desligam-se. Se um grupo de cidadãos menos asseados, fizesse uma petição para a nacionalização dos dejetos fecais de todos os portugueses, acumulados num grande monte de esterco, o PCP votaria a favor. Os argumentos exacerbados seriam algo como “é imperativo devolver ao povo, o que o povo produziu”. Imaginemos um estádio, com a mesma dimensão do estádio do Benfica, repleto de massas fecais, provindas de todo o país, e a quantidade ser em tanta abundância, que até transborda, deixando escorrer pelas bordas do estádio, toda aquela viscosidade acastanhada, que por proximidade geográfica, inundaria a segunda circular. Acreditem que o PCP, devido ao feito glorioso de todos os portugueses, seria o primeiro partido a reclamar a imediata e impreterível nacionalização desses preciosos ativos. “Ao povo o que é do povo”.
A direita ainda é mais miserável e repudiante. Imaginemos um qualquer indivíduo, e que esse indivíduo tem vastos registos criminais enquanto violador, burlão, pedófilo, sodomita, tirano, assassino, corrupto, proxeneta, evasão fiscal; poder-se-ia dizer mesmo que para essa massa ideológica incongruente da direita, que tenta conciliar cristianismo com economia de mercado; que esse referido indivíduo seria satanás em pessoa, o Mal antropomorfizado. Mas haveria um título profissional que precisaria de obter, para sanar e limpar todos os seus pecados, uma espécie de indulgência papal, mas desta vez carinhosamente concedida pela classe política dirigente. Essa Besta, no sentido canónico do termo, passa imediatamente a Virgem Maria, com estátuas, locais de culto e todas as devoções respetivas, se tiver a sorte de ser banqueiro. Ver a canalhada do CDS-PP, principalmente a escória mais nauseabunda que se intitula pertencer ao partido do “contribuinte”, defender a intervenção pública na banca, com as graves consequências negativas para os contribuintes (a palavra povo nada lhe diz, mas é apenas uma questão de semântica), deixa-me logo com o pénis entrelaçado com três daqueles nós mais complexos de marinheiro.
Viva a Europa, Viva Portugal!
Aónio Eliphis, 1916
Houve alguém, que muito interessantemente me disse em tempos, que a maioria das pessoas em Portugal discutem política como se discute futebol, ou seja, de forma completamente irracional e apaixonada, defendendo as cores da sua tribo, como defendem as cores do seu clube. O paralelismo é interessante quando vemos gente que considero inteligente, como os três intervenientes do programa governo sombra, a discutir o “sexo dos anjos”, ou melhor dizendo, os genitais dos mercenários da bola. Ver Ricardo Araújo Pereira, um homem que segundo consta se diz de esquerda, defender um clube como o Benfica, onde os rácios salariais dos trabalhadores devem ser ainda maiores do que na JPMorgan, faz-me lembrar aqueles quadros surrealistas de Dali.
Eu tenho ouvido umas coisas, e contou-me no noutro dia um emigrante português a caminho de Pequim, que o povo luso salvou há uns tempos um banco, diz que se chamava BPN, mas cujos Negócios custaram a cada cabeça portuguesa (descontando as cabeças mais pequenas nos seres que têm duas) cerca de 750€. Foi nacionalizado, o povo pagou a fatura, e depois de sanado pelo erário público, foi de novo vendido a um privado por 170 vezes menos, ou seja 40 milhões. Quando ele me contou eu nem quis acreditar, por certo que um Estaline – e sempre o considerei um déspota e um tirano – já tinha colocado os responsáveis por esse saque público num gulag. Disse-me o meu compatriota também, que o dito responsável mor pelo saque no BPN e consequentemente no povo, até está em casa, tem direito a SportTV e Sexy Hot; e no outro dia a empregada contou a um jornal cor-de-rosa, que o dito vê sempre o telejornal da noite num jacuzzi com duas bailarinas russas em cada lado. Ao que parece o momento que lhe provoca maior efusão e erupção da líbido, não é quando as quatro meninas russas o afagam em simultâneo nos antípodas da sua carta anatómica, é quando vê uma notícia de cortes salariais e de mais medidas de austeridade sobre o povo, que lhe salvou o banco.
Nem quis acreditar no que ouvia, mas “prontos”, a gente sabe como o povo é sereno, e que está sempre predisposto a ajudar os mais desfavorecidos em caso de necessidade. Se calhar o coitado até está a receber o subsídio de desemprego. Mas depois o meu compatriota disse-me que o mesmo já tinha sido feito num banco de madeira, um tal de BANIF. Ok, pensei para mim, duas aceitam-se. Mas quando vou ao meu iPhone9 e me deparo que afinal, a coisa está preta num banco que é verde, leia-se BES, e que pode colocar-se a vaga hipótese de o povo salvar mais este banco, com um buraco extremamente maior; eu é que fico com muita inveja do Ronaldo, de não ter também aproveitado aquelas receitas bilionárias que recebeu com publicidade nesse banco.
É aqui que o clubismo partidário e ideológico é do mais ridículo que eu alguma vez já li, principalmente lido à distância. Dizem que o PCP, que se diz preocupar com o povo, já aflorou a questão da nacionalização do banco, mesmo sabendo que passados poucos anos, é para ser reprivatizado. Sempre que o PCP ouve a palavra “nacionalização” entra em pulgas e os cérebros dos membros do comité central desligam-se. Se um grupo de cidadãos menos asseados, fizesse uma petição para a nacionalização dos dejetos fecais de todos os portugueses, acumulados num grande monte de esterco, o PCP votaria a favor. Os argumentos exacerbados seriam algo como “é imperativo devolver ao povo, o que o povo produziu”. Imaginemos um estádio, com a mesma dimensão do estádio do Benfica, repleto de massas fecais, provindas de todo o país, e a quantidade ser em tanta abundância, que até transborda, deixando escorrer pelas bordas do estádio, toda aquela viscosidade acastanhada, que por proximidade geográfica, inundaria a segunda circular. Acreditem que o PCP, devido ao feito glorioso de todos os portugueses, seria o primeiro partido a reclamar a imediata e impreterível nacionalização desses preciosos ativos. “Ao povo o que é do povo”.
A direita ainda é mais miserável e repudiante. Imaginemos um qualquer indivíduo, e que esse indivíduo tem vastos registos criminais enquanto violador, burlão, pedófilo, sodomita, tirano, assassino, corrupto, proxeneta, evasão fiscal; poder-se-ia dizer mesmo que para essa massa ideológica incongruente da direita, que tenta conciliar cristianismo com economia de mercado; que esse referido indivíduo seria satanás em pessoa, o Mal antropomorfizado. Mas haveria um título profissional que precisaria de obter, para sanar e limpar todos os seus pecados, uma espécie de indulgência papal, mas desta vez carinhosamente concedida pela classe política dirigente. Essa Besta, no sentido canónico do termo, passa imediatamente a Virgem Maria, com estátuas, locais de culto e todas as devoções respetivas, se tiver a sorte de ser banqueiro. Ver a canalhada do CDS-PP, principalmente a escória mais nauseabunda que se intitula pertencer ao partido do “contribuinte”, defender a intervenção pública na banca, com as graves consequências negativas para os contribuintes (a palavra povo nada lhe diz, mas é apenas uma questão de semântica), deixa-me logo com o pénis entrelaçado com três daqueles nós mais complexos de marinheiro.
Viva a Europa, Viva Portugal!
Aónio Eliphis, 1916
longe da guerra em Vladivostok
Sem comentários:
Enviar um comentário