Despesas com o automóvel em Portugal, Estado e famílias


Todos os anos o país gasta quase 13 mil milhões de Euros com o automóvel, perto de 8% do PIB. É bem mais do gasta com juros da dívida pública, o dobro do resgate do BPN e o mesmo que se gasta com pensões da Segurança Social.

Todos concordamos que o automóvel particular tem uma função importante para a mobilidade de muitos portugueses, principalmente fora dos meios urbanos, mas a questão que temos de todos colocar, é se o país, as famílias, o Estado e as empresas podem comportar uma dimensão financeira desta natureza. Há ainda um erro muito comum feito por uma grande maioria da população, que é a confusão entre mobilidade e automóvel. Há várias formas de mobilidade, e há centenas de meios de transporte entre dois determinados locais, o automóvel é apenas um deles, e não deixa de ser estranho que é aquele que é amplamente mais ineficiente do ponto de vista energético (acha mesmo normal alocar a força de 90 cavalos para puxar uma pessoa?), sendo o meio de transporte também, que traz mais consequências negativas para o bem comum, como poluição sonora e do ar, sinistralidade e ocupação de espaço público.

Lembremo-nos ainda que à luz do artigo 44.º da Constituição da República Portuguesa todos os cidadãos têm direito à mobilidade, todavia não têm direito a ter automóvel, enquadrando-se este direito no normal direito à propriedade privada. O Estado deve assim legislar e regular por forma a que todos os cidadãos, independentemente das suas condições financeiras, tenham direito à mobilidade, não apenas quem tem dinheiro para suster um automóvel. A única forma de realmente diminuir os custos de mobilidade da maioria da população e do país, é melhorar o sistema de transportes públicos, apostar na ferrovia, incentivar o uso de partilha de automóvel (na Europa a taxa média de ocupação é 1,2 pessoas por carro) e promover políticas mais amigas de peões e ciclistas.

Penso que precisamos todos, Portugueses e Europeus, de fazer uma reflexão coletiva, para percebermos se é aceitável ter despesas desta dimensão alocadas ao automóvel e às suas infraestruturas conexas. Assim sendo andei a compilar vários destes dados desde há meses e apresento agora, quanto se gasta em Portugal com o automóvel em despesas públicas e privadas.

Despesas públicas e privadas com o automóvel em Portugal
Parcela
Montante
% do PIB (165 mM€)
Despesas das famílias com automóvel (*)
Combustíveis
Aquisição de veículos
Reparação e Manutenção
Seguros
Peças
Impostos
Aulas de condução
11,5 mM€
6,9%
Impostos pagos pelos automobilistas (*)
ISP, ISV, IUC, Multas
-3,28mM€
-1,9%
Externalidades dos veículos motorizados (*)
poluentes atmosféricos,
gases de efeito de estufa,
poluição sonora,
sinistralidade rodoviária,
congestionamento,
desgaste das infraestruturas
2,47 mM€
1,5%
Montante do Orçamento de Estado injetado na Estradas de Portugal
A EP tem como única missão providenciar rodovias ao país com a respetiva manutenção. Incluem-se custos de PPP rodoviárias, financiamento, amortizações e custos gerais de infraestuturas rodoviárias
1,77mM€
1%
Estradas e sinalização rodoviária municipal
10% do valor alocado ao poder local no OE2014.Os 10% baseiam-se no rácio que resulta da divisão entre as despesas de construção e manutenção de infraestruturas rodoviárias e sinalética; e as despesas totais do município da Lisboa
0,27mM€
0,16%
TOTAL
12,7mM€
7,7%

O custo de manter um automóvel em Portugal


Todos sabemos que o custo de um automóvel não acarreta apenas a compra e combustíveis. Quem tem carro incorre em gastos ainda com seguro, as revisões, reparações e melhoramentos, possível crédito automóvel, desvalorização do veículo, lavagens, eventuais multas, Imposto Único de Circulação (IUC), portagens e parqueamento. Há muito tempo que tento investigar afinal em quanto é que custa no total ter carro em Portugal.

Analisados os dados do PORDATA/INE sobre os gastos das famílias portuguesas no ano de 2010, obtêm-se os seguintes resultados.


A Ucrânia, o Texas, e a diplomacia do grande Satã


Sobre o caso recente dos confrontos separatistas que têm acontecido no leste de Ucrânia, e sobre as posições diplomáticas no domínio internacional, que têm tomado os emissários do grande Satã, interessa ler com algum cuidado e rigor a história do Texas.

Simplificando para os caros leitores, o Texas era uma região soberana do México, estando tal domínio territorial consagrado na constituição mexicana. Todavia a partir de certo período histórico a região do Texas recebeu vários milhares de imigrantes americanos, devido em parte à boa vontade do governador mexicano em aceitar imigração para assim povoar as terras e evitar o banditismo indígena. Quando os colonos americanos provenientes do norte, ultrapassaram em número os mexicanos, revoltaram-se e criaram uma república autónoma independente. Quando o exército mexicano invade a região para recuperá-la, intervem o exército americano para defender a sua população e posteriormente anexa o Texas aos EUA. 

Irónica a história universal!

Alá é Grande