Com a morte de Eusébio lançou-se o debate se o seu corpo deveria ou não ter lugar no Panteão Nacional. Sou um fervoroso opositor e crítico do fenómeno do futebol em Portugal e a da alienação pública em terno deste fenómeno, criando promiscuidade entre sector político, construtores, o sector imobiliário e o poder político. Tento ponderar friamente no assunto sem emoções a quente. Bem sei que agora estamos todos de coração quente quando ouvimos mencionar o nome de Eusébio. Mas reparemos também que o fenómeno de Eusébio ultrapassa em muito o futebol.
Eusébio é um símbolo maior, é um símbolo de um Portugal ultramarino e colonial, é o símbolo de um Portugal imperial, pois o menino que nasce em Moçambique torna-se símbolo maior de Portugal. É um símbolo maior da difusão do nome de Portugal no mundo durante o séc. XX. Se me pedissem para escolher três figuras do séc. XX português mais notórias e que mais disseminaram o nome de Portugal em todos os campos pelos melhores motivos, desde o futebol à política passando pela cultura e pelas artes, diria que foram Pessoa, Amália e Eusébio, quer gostemos do fenómeno do futebol quer não. Mesmo quem não gosta de fado, não pode deixar de concordar em parte que Amália merece o lugar no Panteão Nacional. Se o Panteão não tem mais espaço para as grandes figuras do séc. XX, tal é outro fator que transcende a minha opinião.
Mas a resposta a este problema é fácil de obter: perguntemos a um chinês de Pequim o que sabe sobre Portugal! Todavia, para pensarmos de cabeça fria, acho que devemos retomar este assunto dentro de um ano. Lá pensaremos friamente e veremos o quão motivados estaremos na altura em colocar Eusébio no lugar onde jazem as grandes figuras de Portugal.
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