Doenças respiratórias, tráfego automóvel e poluição do ar



A Fundação Portuguesa do Pulmão, presidida pelo excelso Dr. Artur Teles de Araújo, publicou recentemente um relatório, amplamente difundido pela comunicação social, onde menciona que as mortes por patologias respiratórias em Portugal estão a aumentar. Segundo declarações provenientes da referida Fundação, as causas deste tipo de doenças são o desemprego, a pobreza ou as condições de vida insalubres. Numa visita guiada completa ao sítio da Fundação Portuguesa do Pulmão, mais precisamente à intitulada TV Pulmão e aos seus vários vídeos supostamente pedagógicos, não encontramos nenhuma referência à poluição do ar exterior, mormente causada pela indústria ou pelo tráfego rodoviário! Sim, ouviu bem, segundo a Fundação Portuguesa do Pulmão os problemas dos pulmões portugueses devem-se às condições habitacionais, aos animais domésticos, às lareiras, à nutrição, à pobreza e ao tabaco, e nem uma palavra de relevo, à poluição causada pelo tráfego automóvel.

Bem, não sou médico, e indubitavelmente que o tabaco é um grande fator propendente para várias patologias respiratórias, mas parece-me que, ou o Dr. Teles de Araújo é mais um popófilo arauto dos desígnios do ACP, ou devido à sua já avançada idade e eventual senilidade, não leu os relatórios mais recentes sobre uma das causas que mais provoca patologias mortais do foro respiratório. Ora vejamos, um relatório de uma reputada universidade Inglesa diz preto no branco que os fumos dos escapes automóveis são causadores diretos de várias mortes por pneumonia. Por seu lado, a Organização Mundial de Saúde, num comunicado recente que colige centenas de estudos sobre as patologias do foro respiratório a pessoas acompanhadas durante décadas, atesta claramente que a poluição do ar exterior, essencialmente provocada pelo tráfego automóvel, é causadora de cancro do pulmão. 

O Dr. Teles de Araújo, também não deve saber, ou esqueceu-se de mencionar, que segundo dados da própria Agência Portuguesa do Ambiente verificou-se o incumprimento dos valores limite às partículas inaláveis registadas em várias estações do país. O Dr. Teles de Araújo, também se deve ter esquecido, que as obras na Av. da Liberdade não foram porque o Costinha as quisesse fazer, foram realizadas apenas, porque o Estado português pagava multas pesadíssimas à União Europeia, pois a poluição nessa artéria violava em muito os limites considerados seguros para a saúde humana. O sotôr também não deve saber, que Portugal é o terceiro país da Europa com mais carros por habitante, tendo a nossa nação cerca de um carro por cada dois habitantes, dos índices mais altos do mundo. Essa elevada concentração em meios urbanos, provoca claro está, elevados índices de poluentes no ar. Não esquecer ainda que Portugal tem dos parques automóveis (porque virou moda a certa altura) com mais carros a gasóleo, sendo o gasóleo um grave problema para os pulmões, devido à emissão de micro-partículas.

Em entrevista à TVI, o dito Dr. (acredito que seja), nos mais de dois minutos que tem de antena no telejornal, nem uma única palavra dedica à poluição do ar exterior, e quando a jornalista lhe pergunta diretamente a razão de tal hecatombe, o Dr. (acredito que o seja) deixa a entender que se deve à austeridade. Claro, eu não sou médico, mas toda a gente sabe que a austeridade é causadora de todos os males do país, até das elevadas ondas e vagas do mar que entraram pelas zonas costeiras adentro no Inverno. Óbvio que não tem nada a ver com a subida do nível médio do mar, que se regista desde o séc. XIX, devido aos gases com efeito de estufa, esses mesmos gases emitidos pelos motores de combustão que por sua vez também emitem partículas que provocam patologias respiratórias.

O estranho é que o próprio Dr. Teles de Araújo parece constatar muito surpreso que apesar de Portugal ter um índice baixo em relação à média Europeia, de pessoas fumadoras, mesmo assim tem um índice alto de mortes por pneumonia. Claro, a resposta segundo o sotôr é a pobreza e a austeridade. Mas veja-se por exemplo o gráfico acima do Eurostat referente às mortes por pneumonia na Europa em 2009, onde Portugal aparece em segundo lugar. Será que os croatas, os cipriotas, os húngaros ou os letões, que aparecem no extremo oposto da tabela, têm melhores acessos a cuidados de saúde e medicamentos, ou são mais ricos que os portugueses, para justificar índices muito mais baixos de fatalidades por pneumonia? Ou será que pelo facto de serem pobres, não têm dinheiro para cada cidadão ter um carro? Ou será que estará relacionado, o facto de na Hungria, que é o país que aparece no final da tabela, ser dos países da Europa com maior índice de pessoas que se desloca de bicicleta?

Será que o Dr. Teles de Araújo é autista, ou foi subornado pelo ACP? Já espero tudo neste país de sofistas e de carrocratas. Muito preocupante mesmo e sintomático da elevada hegemonia que o automóvel tem em Portugal!

1 comentário:

  1. um bom retrato da corporação médica, está na peça e filme: "knock ou le triomphe de la médecine"

    VER EM :

    http://www.youtube.com/watch?v=htJJLktyQok



    Argument

    Ayant choisi de quitter Saint-Maurice pour s’installer dans une plus grande ville (Lyon en l’occurrence) avec sa femme, le docteur Parpalaid décide de laisser sa place à Knock, jeune médecin de quarante ans. Durant le trajet vers Saint-Maurice, Knock interroge Parpalaid au sujet de la ville, demandant tour à tour si le village contient des sectes, des drogués, des maris trompés ou bien quelques épidémies çà et là. On apprend aussi que Knock doit de l’argent à Parpalaid (que les habitants du village appellent plaisamment Ravachol) que ce dernier lui a prêté pour s’installer.

    Le résultat de la conversation ne plaît guère à Knock, pour qui la clientèle dont il hérite lui semble être trop bien portante.

    Dès son arrivée au village, Knock appelle le tambour du village pour faire annoncer son arrivée et l'instauration de consultations gratuites le lundi. Parallèlement, il demande à l’instituteur, Bernard, de bien informer les gens sur ce que sont les microbes, germes et virus, et s'entretient avec le pharmacien Mousquet, qui confirme que Parpalaid lui envoyait bien peu de clients.

    Le succès des consultations gratuites est phénoménal et Knock est rapidement débordé. Il instaure les premiers traitements de longue durée tout en menant des investigations sur ses clients afin de prescrire des traitements coûteux à ses patients fortunés.

    L’hôtel du village devient une véritable clinique où les malades venus des quatre coins du canton viennent suivre les traitements de longue durée que Knock prescrit.

    Trois mois après son arrivée, Knock reçoit la visite de Parpalaid venu prendre des nouvelles. Ce dernier est abasourdi par les chiffres impressionnants présentés par Knock, et la pièce se termine sur une discussion entre Parpalaid et Knock, où l'on voit Parpalaid regretter son ancien poste. Knock réussit à faire douter son confrère de sa propre santé, et le résout à se mettre au lit : ultime victoire de son pouvoir sur autrui.
    Personnages

    Knock (le personnage principal)

    Docteur Parpalaid
    Madame Parpalaid
    Mousquet
    Bernard
    Le tambour de ville
    Premier gars
    Deuxième gars
    Scipion
    Jean (le voiturier)
    Madame Rémy
    La dame en noir
    La dame en violet
    La bonne
    Voix de Mariette, à la cantonade
    Le garde champêtre

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