Foto de António Pedro Ferreira |
Vindo eu da Holanda onde a qualidade do ar é uma exigência popular, tendo chegado a Lisboa a primeira sensação olfativa que senti foi o cheiro a "civilização", de hidrocarbonetos e combustível queimado. E a Holanda tem 16 milhões de habitantes numa área igual à do Alentejo.
Assim dedico este fadinho à cidade de Lisboa e aos 500 mil veículos que a violam diariamente, estando a letra perfeitamente adaptável à música do famoso fado cantado pela diva Amália Rodrigues "cheira bem, cheira a Lisboa"
Cheira mal, cheira a Lisboa
Lisboa já tem Sol, mas cheira a escape
de uma noite de fumaça e bebedeira
e o turista mais atento que a retrate
descreve sempre a espessa fumaceira
Lisboa cheira a hidrocarbonetos
dos fiéis seguidores do ACP
cheira a gasóleo e a dejectos
A Lisboa do craveiro ninguém vê!
(refrão)
A segunda circular ocupada
cheira mal, cheira a Lisboa
A Avenida toda enfumada
cheira mal, cheira a Lisboa
o popó que se usa à toa
o motoqueiro é sempre a rasgar
cheiram mal porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiros de escapes no ar
Lisboa tem o cheiro de um curral
a varina já não se anda a lavar
O Saldanha e o Marquês cheiram mal
Há 10 anos que se andam a bufar
Lisboa cheira sempre a gasolina
queimada por motor de combustão
intoxica o puto e a varina
tal é a imensa poluição
(refrão)