Publicada por Aónio Eliphis
Rosas, cravos e lírios
que planto no furor da aurora
brado e grito p’los Sírios,
das balas que me cravam agora
Sinto de Cristo o martírio
a cruz da sua longa hora
“Doutor, são apenas delírios
de um Poeta que chora!”
Maria, a magna Helena
que me trespassa o coração
com a espada da trezena
com a cor da oração
“Doutor, não sinta pena,
do que me grafa a mão”
---
Helena, astuta e bela
que me instiga à paixão
são as farpas da querela
a que devo dizer não
Helena é a chancela
da Europa, o Bastião
Mas à minha amada doei a cela
que me amarra o coração
São treze os meses da mulher
que aos números dão azar
Amar é nunca querer
voltar a aceitar amar
e quem de vós não o disser
não ama quem amou no Altar
---
Nas esferas da ciência
nas engrenagens do coração
nas entropias da cadência
explode-me o turbilhão
Psique em efervescência
Entrego-me à oração
A alma em turbulência
Catártico processo de rejeição
Europa, és a mais bela
das deuses continentais
és uma preta da favela
duas loiras boreais
és a chinesa mais singela
Os cânones sacrais
---
E Quem desenhou o Amor,
porque concebeu a paixão?
E para a tesão e o fervor
não encontrei equação
E a dor e o clamor
onde entram na expressão,
que o Poeta em grave suor
derrama com a destra mão?
Ó Magno Deus dos infinitos
Dai Força a este atleta
Ó Magno Deus dos aflitos
Extraí-me de Cupido esta seta
A catarse são os meus gritos
os brados-escritos de um Poeta
---
Roma, Ana e Florbela
cravais-me assim o coração
com pregos de uma mistela
e salganhada de tesão
Cristo, Gandhi e Mandela
Deuses na minha oração
Tríptico de uma costela
de Eva e não de Adão
Europa, a mais linda flor
Que a crise não te afete
pois és o meu grande Amor
E que o capital não te penetre
alivia-me esta enorme dor
que os pecados são só sete!
---
Europa, és a minha paixão
inunda-me assim o espírito
com o que sabes de Platão
e canta-me o Verso lírico
Serei sempre ser empírico
dotado sempre de razão
Europa, aos olhos és um lírio
e um cravo no coração
Que mais eu não sou
que um homem que não sabe
que o Amor já soou
estridente como um sabre
num coração que estilhaçou
perante a Atena da Verdade!
---
Após Erasmo de Roterdão
e Platão de Atenas
em Lisboa nasce um João
Só mais um mecenas?
Som nasal: um coração!
o som do mar em suas cenas
que me afoga em aflição
Quero a tua alma Helena
Pois na estória és Europa
De Júpiter, és sua lua
Em Lisboa és cachopa
de um Poeta que não amua
No Cáucaso és a tropa
que mata, ama e sua!
---
Ó Atena, Dione, Afrodite
Íris, Astéria e Eupória
mostrai-me quem é a Psique
que vos conta esta Estória
Europa deu-me o clique
com uma pulsão inglória
Freud, rompei-me o dique
para a catarse da Vitória
Escrevo e Escreverei
Estados Unidos para combater
Estados Unidos derrotarei
O Satã vai fenecer
E mais não vos direi
O resto em Verso irei verter!
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