Um dos fatores que levou Portugal à tragédia económica e à perda de soberania foi sem dúvida o seu investimento desmesurado em rodovia. Contas de uma consultora de renome ditam que as PPP rodoviárias custarão em média 1000 Euros por cada português. Repare-se que noticia também o DN, que desde que foi concluída a A1, já se fizeram entretanto em termos de km de autoestradas, mais sete A1. Tudo isto a somar ao facto de Portugal não ter indústria automóvel própria, nem ter recursos petrolíferos endógenos. Em 2010, um quarto das importações foram carros e combustíveis.
Assim, apresento aqui dados retirados do Eurostat, já trabalhados numa folha de cálculo, onde calculo o número total de km de autoestradas de cada estado-membro por habitante e por área. Repare-se que na questão da área existe um fator de raiz cúbica, ou seja não linear. Se assim não fosse, países muito pequenos em área como o Luxemburgo ou o Chipre, desvirtuariam o conceito que se tenta aqui aferir, pois estando a área no denominador do rácio, tornariam desmesuradamente elevado o resultado final.
Autoestradas em 2010 na Europa, em número de km por milhão de habitantes por raiz cúbica de km² de área. Fonte:Eurostat | ||||
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País da EU | Comprimento total de autoestradas em km = L | População em milhões de habitantes = P | Área em milhares de km² =A | L/(P*A^(1/3)) |
Luxemburgo | 152,00 | 0,50 | 2,56 | 221,27 |
Chipre | 257,00 | 0,82 | 9,10 | 150,27 |
Eslovénia | 771,00 | 2,05 | 20,13 | 138,47 |
Croácia | 1244,00 | 4,43 | 56,67 | 73,18 |
Dinamarca | 1128,00 | 5,53 | 43,00 | 58,17 |
Portugal | 2737,00 | 10,64 | 92,18 | 56,96 |
Suíça | 1406,00 | 7,79 | 39,80 | 52,89 |
Bélgica | 1763,00 | 10,84 | 30,22 | 52,22 |
Áustria | 1719,00 | 8,38 | 82,27 | 47,19 |
Holanda | 2388,00 | 16,57 | 33,68 | 44,61 |
Espanha | 14262,00 | 45,99 | 500,97 | 39,05 |
Irlanda | 663,00 | 4,47 | 68,32 | 36,30 |
Macedónia | 251,00 | 2,05 | 45,82 | 34,17 |
Hungria | 1273,00 | 10,01 | 93,16 | 28,04 |
Suécia | 1891,00 | 9,34 | 407,89 | 27,30 |
Estónia | 115,00 | 1,34 | 43,37 | 24,42 |
Lituânia | 309,00 | 3,33 | 63,53 | 23,26 |
Alemanha | 12819,00 | 81,80 | 357,22 | 22,09 |
Finlândia | 779,00 | 5,35 | 304,06 | 21,65 |
Eslováquia | 415,70 | 5,42 | 49,01 | 20,94 |
França | 11392,00 | 64,66 | 631,43 | 20,54 |
Itália | 6668,00 | 60,34 | 300,65 | 16,50 |
República Checa | 734,00 | 10,51 | 77,14 | 16,41 |
Bulgária | 437,00 | 7,56 | 109,46 | 12,08 |
Noruega | 381,00 | 4,86 | 303,64 | 11,67 |
Reino Unido | 3673,00 | 62,03 | 241,54 | 9,51 |
Polónia | 857,00 | 38,17 | 312,59 | 3,31 |
Turquia | 2080,00 | 72,56 | 879,53 | 2,99 |
Roménia | 332,00 | 21,46 | 230,28 | 2,52 |
João, a ideia da raiz cúbica é interessante. Foi tua ou do Eurostat?
ResponderEliminarEu já pensei e discuti várias vezes a melhor maneira de fazer comparação, e acabei por inventar a minha própria medida: a partir de que população é que um país considera obrigatório que que uma cidade tenha AE.
Em tempos fiz as contas... e "ganhávamos":
http://menos1carro.blogs.sapo.pt/102191.html
Boas.
EliminarO factor cúbico fui eu que o coloquei para evitar que pequenos países rebentassem a escala na questão da área.
Descobri-o empiricamente pois não sou perito em redes de comunicação, mas é interessante percebermos que no caso mais simples de um círculo, o comprimento total das ligações que percorrem esse círculo, para que cubram essa área com uma abrangência aceitável, presumo que não depende linearmente com área, ou seja com o quadrado do raio. É um exercício matemático interessante sobre o qual quero meditar.
Este tipo de ramo denomina-se alometria de redes viárias. Este paper por seu lado aponta um factor linear
De facto não há resposta fácil, e o exercício do círculo é interessante. Outra coisa que faltará é a distribuição da população. Uma coisa é ter uma única cidade grande, outra é ter 3 ou 4 grandes cidades (assumindo população e áreas semelhantes).
EliminarQuestionaram-me mais uma vez porquê o factor cúbico no denominador.
ResponderEliminarDe referir que o rácio entre área (A) e rede de AE (L), para uma rede totalmente homogénea deve ser constante.
A questão é que à medida que a área de um país aumenta, a densidade populacional diminui, e as cidades ficam mais dispersas, o que não acontece numa rede homogénea..
http://en.wikipedia.org/wiki/Area_and_population_of_European_countries
Se se ordenar na tabela da hiperligação de cima os países por densidade populacional, ver-se-á que os países com mais área por norma são menos densos.
Significa que se no denominador em vez de termos P de população tivéssemos densidade populacional DP=(P/A) o rácio seria L/(A.DP)=L/(A.P/A)=L/P. Ou seja, consideraríamos apenas a população ignorando a área.
A questão é que o aumento da rede de autoestradas em função da área não é de todo linear porque a dispersão de aglomerados populaacionais ao longo de uma área também não é linear.
Eu considerei que L deveria crescer com
P.A^(1/3)=P.(1/A).A.A^(1/3)=DP.A^(4/3)~DP
mas tal é uma aproximação empírica.
Mais estudos seriam necessários.