Pedalando de bicicleta pela Holanda


Estamos alojados na Haia e ontem fizemos quase 40km de bicicleta. Fomos na primeira etapa da Haia até Scheveningen, uma praia a norte de Haia, apenas 5 km. É a praia mais famosa da Holanda, areal imenso, paradisíaco e belo, todavia nem muitos Holandeses vão à água pois a água além de gelada, é algo perigosa. Lembra em muito as praias atlânticas a norte de Portugal, na Primavera ou no Outono.

Fomos depois visitar um museu que era um bunker da 2º grande guerra, onde os soldados nazis que defendiam a costa atlântica dormiam. Tinham túneis para se deslocarem entre os vários pontos ao longo da praia, onde estava artilharia pesada para defender o território continental dos ataques dos aliados. A invasão, como sabemos acabou por ser na Normandia, muito mais a sul. Num bunker, com menos de 10m2 vivam 20 soldados. Vejam mais informações sobre este museu AQUI.

Depois na segunda etapa, fomos dessa praia ao longo da costa para sul, ao longo de 20 km até Hook of Holand, ou seja, o Gancho da Holanda, um dos pontos onde se apanha o barco para Inglaterra. Fomos sempre ao longo de dunas, dunas essas feitas pelo Homem. Interessante que parecem dunas naturais, e até estão cheias de vegetação natural, mas foi tudo feito pelo Homem, para vencer a força do mar, até porque o país está em média 6 metros abaixo do nível do mar. Há zonas que estão 11 metros abaixo do nível do mar. Essas dunas são tão importantes para servirem de barreira contra as águas que são protegidas com vedações de arame farpado ao longo da costa. Todavia há uma ciclovia que as percorre, e foi esse percurso que tomámos sempre ao longo das praias.

Chegados ao "Gancho da Holanda" fizemos uma pausa. É aqui que os grandes petroleiros e os grandes cargueiros entram por um canal artificial para o porto de Roterdão, o maior da Europa. Num pequeno, mas profundo canal, escavado pelo homem nos finais do séc. XIX, com a largura do rio Douro, entram os maiores cargueiros e petroleiros do mundo, que abastecem a Europa com petróleo e mercadorias. Nas grandes refinarias, o petróleo é refinado e a gasolina e derivados são distribuídos pela Europa. Paradoxalmente, no país das bicicletas, lucra-se muito com o negócio do petróleo. O mesmo se passa por exemplo também com a Noruega. "Os outros que se desgracem ao nos consumirem o que produzimos, devem pensar eles", até porque o CEO da Shell na Haia onde fica a sede da empresa na Europa, anda de bicicleta!

Depois fomos de bicicleta ao longo do canal na direção de Roterdão. Paisagens idíicas, verdejantes, viçosas e verdadeiramente paradisíacas, através de autoestradas cicláveis. Sim, aqui há autoestradas para bicicletas entre as cidades, que vão pelo meio dos bosques, das planícies, dos arbustos, fazendo do roteiro do viajante um verdadeiro éden, principalmente quando o clima é ameno, como foi o caso. Não imaginam a quantidade e variedade de fauna que íamos observando na viagem. Depois a autoestrada segue exatamente ao longo do canal de entrada dos cargueiros, onde pedalamos em paralelo com os maiores cargueiros do mundo até Roterdão.

Todavia, a 1/3 do trajeto, havíamos feito 10 km nesta terceira etapa, a Nádia já estava cansada e a resmungar, e parámos em Massluis, uma cidade ao longo do canal. Seguimos o resto do trajeto de comboio. Aqui, as bicicletas pagam, e pagam bem para andarem no comboio. Seis euros por cada bicicleta, mas os comboios estão bem preparados para tal. Os comboios são confortáveis mas garanto-vos que os nossos da CP não ficam nada atrás e até em certos aspetos são bem melhores. O mais importante a modernizar em Portugal não é a linha férrea, os transportes públicos ou as ciclovias, é a mentalidade.

Fizemos então no total 36km de bicicleta. Para verem o trajeto detalhado, vede anexo ou cliquem AQUI.

2 comentários:

  1. Já foste a Kijkduin? Fica do outro lado de Haia, e é na minha opinião uma praia um pouco melhor que a de Scheveningen.

    As praias na Holanda não batem em diversidade, luz e qualidade da água as praias portuguesas. São contudo interessantes porque são o lado do mar dos diques que protegem o país.

    Já não vou à Holanda à 5 anos e tenho saudades. Vivi em Roterdão e em Amesterdão.
    Não é nenhum paraíso. É até um país um pouco duro e monótono, mas funciona, e como dizes, tem cabeça.

    Precisamos sem dúvida de menos carros em Portugal.

    João

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    1. Obrigado pelo comentário meu caro. Tentarei ir a essa praia que refere. Sobre esta temática dos carros peço-lhe que veja isto www.autocustos.com

      cumprimentos

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