A uma preta tesuda com um granda par de tetas



Passeava eu por Freetown (algum de vós, seus imbecis sabe onde fica Freetown?). Á pois é, fica naquela serra onde há muitas leoas tesudas e grossas. Ouvi dizer que no portugalinho, o macho em chamas, chama às fêmeas boas adjetivações como vaca, pega, cabra, e toda uma série de animais de pasto, rominantes e vádios próprios para um repasto saudável em casa de amigos. Nós aqui em África, como culturalmente estamos habituados a ver animais selvagens preferimos chamar às pretas boas: "Leoa."

Assim, quando saio do meu acampamento, para caçar, e vejo uma boa preta com um bom par de mamas das tribos vizinhas, lá vai mais um bitaite: "Ó Leoa, queres comer desta carne?"

A tez escura é a luxúria
O loiro é a ternura
Os teus olhos a doçura
que me afastam a penúria

A tez escura é a lascívia
Os teus olhos em que vejo
O sangue do rio Tejo
que lacrimeja sangue da Síria

A tez escura é o temor
que racionalmente afasto
A tez escura é o ardor
do sangue ardente e nefasto

Africana mulher que amo
Purifica-me esta dor
Combatamos o tirano
Faz de mim o libertador

Freetown, Luanda, Maputo
praças em que combati
nos meus áureos tempos de puto
em que me vim em ti

Africana, deste-me a garra
a virilidade e o vigor
rompe-me a amarra
cumpre comigo o Amor

A tez escura é o pecado
A tez escura é o desejo
deste africano fado
em que me esporro e te vejo

A tez escura é o vigor
mulher viril em altivez
Lascívia e furor
quando te tiro os três

Jorra branco sobre o negro
deste falo longo e viril
É uma bela preta que pego
neste corpo doente e febril

És a preta viçosa e escaldante
que me oferece o vigor do espírito
que fez de mim seu amante
e um medíocre Poeta lírico

(estou-me quase a vir, deixai-me aumentar a amplitude da escrita)

Chupa-me a estaca meu amor
Agarra-me os cornos febris
Bate-me uma com louvor
Elevemos os cravos viris

Preta tesuda, não te amo
O que sinto por ti nem é amor
É uma tesão profana a que chamo
fogo ardente, fráguas, calor

És um forno quente escaldante
e minha piça em ti fervilha
qual deserto, e caminhante
que na cabra espeta na anilha

Bestialidade: não contem comigo
cona humana, nunca me faltou
paneleiros: fugi para o abrigo
que aqui o macho se exaltou

O sangue que me corre nas veias
é preto, cor do equador
dos trópicos onde as sereias
têm a tez das deusas do amor

Essa preta mamalhuda freudiana
que me vincou a fase oral
foi por terras lusas, minha ama
deu-me a seiva primordial

Mulheres negras, beijai-me
chupai-me a locomotiva
a chaminé deste fumo-amor
onde esporro a minha ferida
e onde abafo o calor

Essa preta com tetas freudianas
onde mamei sem sossego
mostrou-me matas, savanas
desvendou-me o Segredo

Mulher preta: És fundamental!
Um dia construo-te um CASTELO
e uma estátua em Estocolmo sacral
para que por lá quebres o Gelo

Preta, escaldante, que Mulher
essa cor é a cor da Guerra
da força de quem quer
boas Leoas em sua Serra


Aónio Eliphis
Freetown, Julho de 1963

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