A caneta é a arma da paz
O caracter é a religião
A palavra escrita é audaz
A falada é tentação
O diacrítico é fugaz
A consoante, escrevo-a à mão
O analfabeto é quem não faz
eterno, o seu Amor de perdição
E como a água, escrever é premente
que a bebo dos poços do ego
sacio a sede ao descrente
da palavra escrita crio um credo
crede em quem não mente
O amor escrito, eu não vos nego!
Amo a consoante e a vogal
como te amo, e amo Deus
A escrita é o canal
dos doutores e dos plebeus
Amo o sacro e o carnal
O duplo ‘V’ dos fariseus
E ninguém me leva a mal
Se eu até amar os teus!
O duplo ‘o’, uma volúpia
O ‘A’ é um falo ereto!
Abre-as em ‘M’ minha lúpia
inebria-me o intelecto
o teu ‘V’ quero nesta núpcia
De Pessoa, sou o neto
Cada letra é uma bala
cada gota de tinta, mil de sangue
de um Poeta que só vos fala
do esotérico, e de Amor langue
Um Poeta que a mulher gala
Não há ninguém que vos engane
enquanto lerdes quem vos regala
o intelecto e não o sangue
Cada pretérito, uma mulher
Futuro do indicativo: não o sei!
O condicional, para quem souber
A escrita e a letra são a Lei
Vede quem quiser
Os versos, que vos oferendei!
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