O preto, enrabou dois arianos


Mario Balotelli após o segundo golo contra a Alemanha
Neste momento, Adolfo, aquele que era somente conhecido por Hitler, deve estar a dar voltas na cova, ao saber que Mario Balotelli, italiano e europeu, de origens ganesas, espetou dois golaços na esquadra alemã, um de cabeça e outro, um forte e impelitivo petardo com o pé direito, o lado, com que Hitler saudava com a mão o povo ariano. Interessa por agora também recordar neste âmbito, os jogos olímpicos de Berlim de 1936 em que um negro ganhou quatro medalhas de ouro, numa época e num país onde o clima era de forte antissemitismo e de propalação das superioridades alemã e ariana. Mas meus caros, o futebol, é apenas circo, quem manda nesta merda é o capital, e o capital não tem pátria. Pois ao que parece, no dia em que Balotelli enrabou os arianos, encontrei numa conferência onde me imiscuí, Mário Monti, primeiro ministro italiano, a pedinchar mais uns milhões àquela gorda alemã, a Merque como dizem os bacocos lusitanos. E Monti qual pedinte que pede na porta da igreja, veio requerer à Chanceler dos arianos mais uns milhões para os pobres italianos, a quem os mercados andam a enrabar. É que isto de enrabanço, tem muito que se lhe diga, enquanto um preto enraba os alemães no estádio, o povo italiano, assim como os gregos ou os tugas, são severamente sodomizados pelas doutrinas económicas alemãs.

ANÚNCIO MUITO IMPORTANTE


ANÚNCIO JUDICIAL

Fui recentemente notificado por um agente da PSP, que se dirigiu ao meu local de trabalho durante a hora de expediente, para me notificar na qualidade jurídica de "denunciado". Muito pouco sei, pois o processo está em segredo de justiça, apenas sei que está relacionado com o ACP e muito provavelmente com o teor deste artigo. Serei ouvido no dia 11 de julho por um investigador judicial da PSP, que me referiu que fui oficialmente e judicialmente acusado na qualidade de "denunciado". Muito provavelmente trata-se de uma acusação nos chamados crimes contra a honra, que estão plasmados a partir do art.º 180.º do Código Penal.

Cumpre-me dizer o seguinte em minha defesa:
  • o artigo em causa está num blogue com opiniões estritamente pessoais, e com pouca visibilidade pública.
  • o estilo do texto é satírico, quase prosa-poesia, um mero desabafo literário ao estilo do Manifesto-Anti Dantas, em que Almada Negreiros num estilo satírico chama a um proeminente político e escritor de então, Júlio Dantas, termos como "ciganão", "cigano", refere que "nu é horroroso", que "cheira mal da boca", que é a "meta da decadência mental", que a geração por si representada é "um coio d'indigentes, d''indignos e de cegos", chamando-lhe ainda de "pantomineiro" (intruja). Almada Negreiros não foi julgado nem indiciado judicialmente, e estava-se nos princípios do século XX, uma época com costumes muito mais ortodoxos.
  • faço um apelo veemente à integridade física de Carlos Barbosa
  • não tenho quaisquer antecedentes criminais, e sou um assíduo cumpridor dos meus deveres fiscais
  • tenho participado amiúde ativamente em vários projetos em prol da comunidade e do meu próximo, sem qualquer retorno financeiro

Acrescento ainda que, no meu enteder, e usando da dialética, considero que no paradigma do texto têm de ser considerados dois parâmetros: a forma e o conteúdo. A forma pode eventualmente ser injuriosa, infame ou ofensiva, mas assenta essencialmente num estilo de desabafo e de sátira literária; todavia o conteúdo é extremamente válido e premente nos dias que correm. A forma, serviu apenas para chocar, foi um meio para trazer à consciência das pessoas o teor do conteúdo, esse sim, válido, racional e desprovido de sentimentalismos exacerbados. Não se trataram assim de simples ofensas gratuitas, e o texto em apreço não é contra Carlos Barbosa enquanto pessoa humana, o texto é dirigido ao presidente do ACP enquanto dirigiente de um clube cujos interesses são nefastos para as pessoas, para as cidades, para o país e para o planeta, por todas as razões já evocadas no conteúdo do artigo.

João Pimentel Ferreira

Diário de Estocolmo – opus 97


Decorria o biénio de 2002, talvez princípios de 2003. O Natal por terras boreais é gélido e o frio é incisivo, todavia os homens do sul têm uma apetência libidinosa por loiras suecas, o que faz com que as hormonas, mais precisamente a testosterona, canalizem os homens latinos para o norte da Europa. E assim foi comigo, demovi-me de Lisboa em 2002 para encontrar a Luz divina e a revelação. A minha vida em Lisboa era cinzenta, triste e melancólica, influenciada fortemente pelo fado e pela saudade, sentimentos que à data de hoje considero nefastos para o meu bem-estar, mas estes sentimentos indubitavelmente, construíram aquilo que hoje sou. Saio de Lisboa para Estocolmo em setembro de 2002. Apanho o voo da TAP e ao meu lado vai um casal heterodoxo, ela era brasileira, provavelmente programadora, e ele era um sueco velho e ébrio, e ainda gordo, todavia bastante simpático. Ele passou o tempo todo a pedir uísques 20 anos à hospedeira, ela propalava umas barbaridades lusófonas lá da terra dos seus pais no interior de Portugal, já ele estranhava ainda como os portugueses eram doidos, desregrados e irresponsáveis. Durante o voo, o primeiro voo em que desabrochava e me afastava da clausura lusa, civilizacional, social, antropológica, parental e familiar, olhava inquietantemente para o relógio para tentar aferir se demorávamos muito para aterrar. Um voo repleto de suecos e portugueses que se deslocavam de Lisboa para Estocolmo num dia divino de setembro de 2002, data capicua. Chego a Estocolmo e deparo-me imediatamente com a mala no aeroporto à chegada, e penso para mim: estes suecos trabalham bem. O voo havia sido bem cedo, como tal chego a Estocolmo creio eu ao princípio da tarde. Chego ao aeroporto e apanho a mala. Tinha falado com o casal que me acompanhara, sobre qual a melhor forma de ir do Aeroporto de Estocolmo, Arlanda, para a cidade. Ele havia-me falado das maravilhas da linha férrea que unia o aeroporto à cidade, um meio rápido, cómodo e prático, porém ela, ao ver um pobre desgraçado estudante que iniciava o seu programa Erasmus aconselhou-me vivamente o autocarro, pois era muito mais barato, e não ia propriamente cheio de dinheiro na carteira.

Hoje torço pelos Checos, por Portugal




Escrevo-vos no dia em que Portugal joga contra a República Checa para o Europeu 2012. Rogo-vos, acabem com este circo. No tempo do Império Romano era pão e circo para o povo, no tempo do Estado Novo, houve um incremento em um no número de ideais, passando a ser Futebol, Fátima e Fado. Veio o 25 de abril, investimos na educação, na cultura e ainda mais na educação, dizendo mesmo Guterres que a sua paixão era a Educação, mas o circo ficou, ficou Fátima, ficou o Futebol e vai ficando o Fado, belo e poético. Portugal é regido por credores, tem o pior nível salarial da zona euro, tem um endividamento patológico e as suas contas públicas fazem o país tanger a insolvência, há 600 mil pessoas a ganhar o ordenado mínimo, há milhares de falsos recibos verdes sem quaisquer direitos e mais de 80 por cento dos reformados ganham menos de 500 euros por mês. A corrupção é galopante, a justiça não é célere, a educação prima pela incompetência, o sistema administrativo público é burocrático, e é neste estado de bancarrota que a seleção de futebol, à custa dos contribuintes fica no hotel mais caro da Polónia, pagando mais pelo alojamento que seleções como a Alemanha ou outros países ricos do norte da Europa. A cada dia de futebol, o povo deixa de trabalhar e a cada golo de Ronaldo, o povo delira com futilidades orgásmicas coletivas.

Poema ao advogado


Onde estavas meu cabrão
quando Lhe decretaram
a crucificação?

Onde estavas filho da puta
quando Lhe recriminaram a conduta?

Onde estavas meu cabrão
quando nem Madalena
Lhe esticou a mão?

Onde estavas Cristão-Novo
quando a sentença
Lhe decretou o povo?

Onde estavas advogado
quando Ele foi açoitado?

Ei-lo disse Pilatos
e após os maus-tratos
após ser chicoteado
após o Filho ser vexado
depois de denunciado
E aos Seus nobres atos
Tu advogado
Ficaste calado
e perante os factos
consideraste-O
culpado!

António Borges e a moderação salarial


As questões de fundo podem ser válidas,
mas é preciso moralidade para proferi-las
Veio recentemente a público, o professor António Borges referir que a redução de salários em Portugal é uma urgência. Tal comentário, causou uma enorme celeuma entre os sectores da esquerda, dos sindicatos, mas também da direita parlamentar portuguesa. Muito tenho defendido, considerando a produtividade nacional, e ainda as benesses que o Estado concede aos cidadãos, que me parece que os salários em média em Portugal são razoáveis. O problema filosófico que se coloca, é que invariavelmente comparamos os nossos salários com o resto da Europa rica do norte. Gostamos muito de comparar os salários portugueses com os da Alemanha por exemplo, mas a questão é que o PIB per capita dos restantes países da Europa ou mesmo da zona Euro são deveras superiores ao português. Por isso devo dizer que considero que a questão de fundo evocada pelo prof. António Borges é pertinente e é sensata. Não me refiro a baixar o ordenado mínimo, pois este coloca os seus assalariados no limiar da pobreza, mas também não se referia António Borges a baixar o salário mínimo ou de quem ganha perto de 500 euros por mês. Todavia existe uma elite pública numerosa, que é muito bem paga para o nível produtivo que apresenta, e nesse sentido só posso estar favorável aos argumentos do prof. António Borges. Se a título de exemplo o Estado pudesse baixar 15% nos salários a todos os funcionários públicos (média salarial de 1250€/mês), considerando que existem presentemente cerca de 500 mil funcionários públicos, o Estado teria margem financeira para contratar novos 88 mil funcionários públicos na mesma média salarial, reduzindo a taxa de desemprego em 1,7%, considerando o atual número de desempregados

(1.250€*500.000)/(85%*1.250€)-500.000=88.000 funcionários em acréscimo
(820.000-88.000)/5.500.000=13,3% de desemprego, 15%-13,3%=1,7%

Letra do Verso


A caneta é a arma da paz
O caracter é a religião
A palavra escrita é audaz
A falada é tentação

O diacrítico é fugaz
A consoante, escrevo-a à mão
O analfabeto é quem não faz
eterno, o seu Amor de perdição

E como a água, escrever é premente
que a bebo dos poços do ego
sacio a sede ao descrente

da palavra escrita crio um credo
crede em quem não mente
O amor escrito, eu não vos nego!


Cuidado com os anglicismos!