Poema ao 25 de Abril de 1974









Escrevo-vos no 25 de Abril
no ano do Senhor de 2012
A Revolução dos Cravos, foi a morfose
que nos libertou do redil

Mas há muitas estórias por contar
Os revoltosos, que se instalaram
Houve bons tachos para dar
E a economia definharam

Os sindicalistas são neoburgueses
que só idolatram o Capital
E para os comunistas portugueses
O salário é o fundamental

3000 ganham os maquinistas,
os médicos, o equivalente
Os pilotos são os chupistas
que só dinheiro veem de frente

E dos mais bem pagos do mundo
diz o Relatório, são os professores
E gritam enraivecidos: “Somos doutores
que nos colocam no Portugal profundo”

“Não queremos ser avaliados
nas 22 horas que trabalhamos
somos neo-deuses consagrados
com a missão de ensinar os mundanos!”

E a Polícia: “Ai que desgraça,
Não temos meios, ganhamos mal!”
Com o secundário, e somente praça
ganha mais que meio Portugal

E as nossas magnas forças armadas
que combatem ferozmente o invasor
sem sair do quartel, pois estão cansadas
e não no verão, pois faz calor

"Sou funcionária pública
Trabalho muito, ganho mal"
"No orçamento, pagar-lhe é a maior rúbrica
e pobre, é Portugal"

Até Cavaco, diz que ganha mal
Qualquer dia, nem lhe dá para o pão
Concedam ao Presidente de Portugal
O Rendimento Social de Inserção

Os credores batem-nos à porta
Pum, Pum, Pum; vem aí o saque!
“Portugueses, a dívida não é letra morta
ou quereis, o cobrador do fraque?”

O sindicalista é um burguês
só o sacia, o Capital
a mesma massa que o fez,
fez o neoliberal

“Mais salários. Mais direitos!
Lutemos camaradas! Avante!”
"Mas trabalhar, não nos dá jeito
E não há emprego que nos encante"

“Portugueses! Haverá ainda esperanças?
Falo-vos de Santa Comba Dão
Gastastes o oiro das poupanças
e agora à troica, esticais a mão”

“Portugueses, tanta autoestrada fútil
O dinheiro andastes a gastar
Em obra socretina inútil
quem vos fala é Salazar”

Abril é Liberdade
É a Primavera popular
É evocar a expressividade
num país com Sol, Fado e Mar

Evoquemos o 25 de Abril
Esta efeméride nacional
que nos libertou do redil
para cumprir Portugal

Crescei Portugal! Avante!
É Hora da União
Nesta causa, que doravante
exaltar-vos-á o coração

Abençoadas gentes e esta terra
Foi Maria, quem vos pariu
Pois já ninguém mais cerra
As Portas que Abril abriu

2 comentários:

  1. Gostava de ver LIBERDADE expressa no funcionamento saudável do Estado Direito, no funcionamento atempado da justiça, no direito de todos ao trabalho estável e justamente remunerado, principalmente dos jovens licenciados, a liberdade do acesso tendencialmente gratuito à saúde e ao ensino, garantidos formalmente pela Constituição da República, a liberdade de podermos reivindicar direitos justos nas empresas sem sermos "dispensados", a liberdade de..., de..., onde é que elas já estão?
    Quando um país perde a sua soberania económica, onde está a sua soberania como Nação livre e independente?
    É bom podermos livremente expressar ideias e votar em quem queremos, mas onde está a autêntica liberdade política quando temos vindo a ser governados por aqueles que, escravos de interesses obscuros, vão espoliando o erário público, escravizando os contribuintes a impostos cada vez mais pesados que parece que caiem num saco sem fundo?
    Essa liberdade é que eu quero ver!
    Porque a liberdade que muitos hoje festejam não passa de uma ideia poética, cada vez mais inconsequente no contexto nacional!
    Felizmente que muitos de nós podemos a cada dia festejar a autêntica liberdade interior, essa sim, independente da circunstância social e política em que nos encontramos, e do exílio de escravatura imposto por esta Troika e por tantas outras troikas que sempre se levantarão!

    João Carlos Azevedo

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  2. Caro amigo, dizes tudo no teu magno texto:
    "Quando um país perde a sua soberania económica, onde está a sua soberania como Nação livre e independente?"

    Perdemos a nossa soberania económica porque nos endividámos para construir obra pública fútil, como por exemplo os 3000km de autoestradas que temos; porque andámos a dar ordenados à função pública que não podíamos pagar, para que esta gastasse a maioria em frivolidades importadas, agravando a nosso dívida com o exterior; perdemos a nossa soberania económica, porque andámos a pagar reformas antecipadas aos 50 anos, quando em qq país europeu é aos 65, perdemos a nossa soberania económica porque no governo Sócrates a dívida passou de 60% do PIB para os 100% do PIB.

    Caro amigo, nós todos é que somos os culpados pela perda de soberania. Fomos nós que fomos chamar a troica, não foram eles que nos impuseram o empréstimo, se não nem sequer havia dinheiro para pagar coisas tão simples como salários e pensões. Tudo o resto é demagogia.

    Há miséria em Portugal? Há. Há má distribuição da riqueza? Há.
    80% da riqueza mundial estão nas mãos de 1% da população do mundo. Isto é muito grave e revela que pouco progresso houve na humanidade nos últimos 2000 anos. Mas as dívidas que temos como país, paguemo-las como pessoas de bem, e erradiquemos de vez os agiotas que querem lucrar com a desgraça do país.

    Abraços

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