Nos momentos de crise, acentuam-se as clivagens, e o ímpeto natural dos cidadãos de direita, agora que estamos na bancarrota e com a austeridade, é criticar acerrimamente as medidas tomadas no pós 25 de Abril. Teve aspectos negativos, e bastantes, mas teve aspectos ainda mais positivos que são constantemente olvidados. Ora, evoquemos a estatística e a memória e elucidemos os arautos da desgraça dos sectores da direita.
Repare-se nas "desgraças" que aconteceram no país a partir do início dos anos oitenta.
Nos momentos difíceis é natural que as pessoas se revoltem contra as desgraças que a Revolução dos Cravos trouxe ao país, e são sempre evocados aspectos como o endividamento externo, o número de auto-estradas fúteis construídas, os grandes grupos económicos ligados ao bloco central que se expandiram enormemente com o compadrio do poder político, a corrupção que aumentou sobejamente, a taxa de divórcios que subiu exponencialmente, o número de abortos que cresceu, a população que envelheceu, o desprezo pela população mais idosa e o desrespeito por parte dos alunos à autoridade dos professores; são os chavões utilizados por parte de uma classe mais conservadora para criticar a Revolução dos Cravos. No entanto quis apenas enfatizar que houve indubitavelmente aspetos civilizacionais em Portugal que melhoraram consideravelmente. A desgovernança propalada pela direita, que teoricamente reinou no país após o 25 de Abril, desencadeou em melhorias significativas na qualidade de vida dos portugueses; por isso rogo a todos os cidadãos que em certos aspetos não sejam tipicamente portugueses, ou seja, mal-agradecidos e com a memória curta.
Fonte dos dados: Pordata, INE
Creio que a Revolução de Abril teve inúmeras e inquestionáveis vantagens, como foram o fim da Guerra do Ultramar, o fim da ditadura de partido único e da repressão das consciências, e a libertação dos presos políticos.
ResponderEliminarPorém, muitas são as desvantagens que se têm vindo a revelar ao longo destes quase 40 de suposta “liberdade” que só o foi na sua acepção político-partidária.
Algumas dessas desvantagens são a perda do sentido de Nação e de Pátria, a indiferença face à nossa História e desígnio Nacional (sim, eu acredito que há um desígnio nacional para que “se cumpra Portugal”), a apatia que foi crescendo face à nossa cultura nas suas várias vertentes, subjugando-nos ao que vem do estrangeiro como sendo melhor, a perda de valores fundamentais que estão na matriz cristã que esteve na base da formação da nossa nacionalidade, matriz essa que permeou toda a nossa história e identidade como povo, uma Constituição da República que não passa presentemente de uma formalidade ou referência vaga, pois deixou há muito de existir Estado de Direito, facto que acontece quando as Leis não são aplicadas e a justiça não é cumprida punindo os infractores, começando pelos poderosos…e muito mais coisas que não haveria necessidade de referir mas que, por agora, não tenho tempo.
Precisamos urgentemente, na minha opinião, de um líder que assuma Portugal acima de interesses partidários, pessoais ou ideológicos. Líder que ame esta nação, constituída por pessoas que já não se revêem no Portugal que somos, mas que acreditam que o Portugal que outrora fomos, pode ser esperança para o Portugal de amanhã, e a certeza de uma nação que voltará a se levantar.
Não creio nem suportarei ditaduras, sejam elas de esquerda ou de direita, e muito menos a actual a que chamo Ditadura do Capital.
Creio, sim, em pessoas. Creio numa nação constituída por rostos que anseiam presente e urgentemente por liberdade, por esperança, e que dizem basta a esta classe política, e à escravatura económica e política imposta pelo exterior a que fomos e estamos submetidos.
É preciso voltarmos a ser Portugal, honrando-nos por aquilo que somos, e elevando o estandarte da nossa história e identidade, voltando a ser uma nação esforçada em trabalho, mas antes de tudo o mais, nação esforçada em reconhecer a pessoa humana e a sua dignidade como meta e finalidade axiológica, e não mais o Capital.
Por isso digo, redescobre-te Portugal e geme com as dores da glória que voltarás a gerar, fruto da esperança que não conseguirás conter!