Je suis arrivé à Paris

Paris, a cidade europeia das luzes e dos iluminados, dos
pedreiros-livres e da República, do ideário trino sacral da maçonaria
como a igualdade, a fraternidade ou a liberdade. Muito poderia ser
escrito sobre Paris e o seu belo rio que o percorre, o Sena. Sobre o
enormíssimo museu do Louvre com pinturas italianas, francesas, alemãs,
flamengas, holandesas e escandinavas, com diversos achados
arqueológicos fantásticos dos tempos romanos, egípcios, etruscos e
gregos e com majestosos colossos gregos esculturais. Pude ver a famosa
pirâmide de vidro no meio do Louvre por onde entra o visitante,
pirâmide essa com um cariz maçónico e iniciático de vertente
masculina. Já na cave do museu depois da entrada inicial vê-se
claramente a pirâmide feminina, esta claramente sendo uma pirâmide
interior e invertida. É assim o masculino, austero, racional,
objectivo, activo, majestoso, brilhante, sendo triangular superior
lógico e revelador; já o feminino é subtil, delicado, frágil, passivo,
introvertido, ardiloso, discreto mas bastante criativo. Não é por
acaso que as magnânimas obras do Louvre estão no seu interior, onde se
pode ver a pirâmide invertida, representando assim a feminilidade
criativa. Mas atento para o facto de na entrada do museu em apreço
estar uma estátua de Louis XIV a cavalo; algumas charadas
anagramáticas depois e com o auxílio das cinco vogais ditas de seguida
concluo que na realidade não estou no museu do Louvre mas sim no museu
do Livre. Ou seja este é um museu iniciático e maçónico em homenagem
ao homem-livre francês, mais precisamente ao pseudo-messias rei
francês Luis XIV, cujo bisneto acabou com a cabeça na guilhotina com a
revolução republicana.

Poderia também eventualmente falar do quão fálica é a torre Eiffel,
esse triângulo vertical quadruplicado em quatro direcções cardeais,
com uma extremidade pontiaguda para adorar os céus e elevar o
espirito altivo dos parisienses. Assim como em Pompeia se usavam os
falos para elevar a altivez dos espíritos, como em Lisboa o cristo
redentor eleva o espirito dos munícipes, em Paris é Eiffel que
estimula os parisienses com a sua torre a alegrarem-se aumentando as
suas energias interiores, com este falo viril, libidinoso e altivo.
Mas Paris apesar de multi-étnica, com uma quantidade abismal de
negros, magrebinos e asiáticos, não acolhe bem os seus visitantes. O
metro apesar de imenso é caótico e desorganisado, as estações são
frias e impessoais, os restaurantes são caríssimos e os que são
acessíveis têm pratos cuja degustação é extremamente desagradável; o
McDonalds com o seu típico lixo gastronómico de bifes hamburgueses
aparece em todas as esquinas. Salvam-se alguns mini-mercados de
grandes cadeias onde podemos comprar umas saladas e iogurtes a preços
acessíveis.

Conseguimo-nos instalar por €30 por noite num quarto privativo. Mas
ficámos a mais de 30 quilómetros do centro tendo de apanhar um
autocarro e o comboio durando a viagem cerca de uma hora. O hotel é um
daqueles de beira de estrada nacional onde se consumam os actos
extra-conjugais dos parisienses, e cujo quarto tem uma vista para as
traseiras de uma gasolineira. Os canais televisivos que o
recepcionista nos recomendou à entrada são todos pornográficos.
O tempo é frio mas o céu está limpo, e os parisienses até não são de
todo antipáticos, sendo um equilíbrio entre a fria indiferença
acolhedora dos povos germanos e o hospitaleiro acolhimento dos povos
latinos. Os Franceses são o equilíbrio entre estes dois extremos
culturais e Paris é a sua apoteose. Os edifícios são de tonalidade
escura mas belos e grandiosos. A cidade, ao contrário da pestilenta
Lisboa, é bastante limpa e aprazível e os jardins são para todos os
parisienses, e não como em Lisboa onde os poucos jardins que temos são
para os vádios e os indigentes.

Enfim, recomendo a todos que visitem Paris.

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