Não hajam dúvidas prezados cibernautas o quão petrolificado é este governo liderado pelo secretário-geral do PSD, arauto seguidor das medidas do ex-primeiro ministro Prof. Cavaco Silva. Sejamos concretos e racionais no campo dos meios de transporte público.
Cinjamo-nos aos factos: Portugal é um país sem recursos petrolíferos, e está repleto de rodovias, Portugal não tem indústria automóvel própria e cada português tem um carro. Ou seja o automóvel de motor de combustão interna em Portugal é um atestado de falência e de pobreza a longo prazo. Importamos todos os recursos petrolíferos para locomover os camiões e os automóveis que não produzimos. O Prof. Cavaco Silva não foi o primeiro-ministro do betão, foi antes o primeiro-ministro do alcatrão. Os portugueses aumentaram o seu poder de compra e endividaram-se para comprar automóveis, o Estado endividou-se para construir estradas, enquanto as nossas empresas transportadoras usavam essencialmente o camião para o transporte de mercadorias, camião esse que apenas usa o gasóleo para se locomover. Poluímos o país, destruímos florestas e árvores essenciais para a produção natural de oxigénio, aumentámos as patologias de foro respiratório, ceifámos milhares de vidas em acidentes rodoviários, endividamo-nos com a nossa factura energética e tornámo-nos extremamente dependentes do exterior. Entretanto a ferrovia definhou e fechámos estações e linhas férreas.
Mas existe uma razão para tais factos maléficos e de dependência energética do nosso país. Os EUA, o grande Satã, nos anos 70 estavam em crise profunda após a guerra do Vietname. Para que pudessem fazer exportações em larga escala, emitiram milhares de milhões de dólares para desvalorizar a moeda, ao mesmo tempo que a fortaleciam ao indexar o petróleo ao dólar. Por isso é que ouvimos diariamente o preço do barril do petróleo em dólares. Ou seja, meus caros cibernautas, o raciocínio é simples, enquanto o mundo estiver dependente energeticamente do petróleo, o dólar será uma moeda forte e de larga utilização e procura. Não nos esqueçamos que os EUA invadiram o Iraque nos anos 90 por causa do petróleo, e que as grandes petrolíferas americanas fazem prospecção em diversos locais no mundo, com grande incisão no Médio Oriente. Enquanto o mundo moderno estiver dependente dessa maléfica seiva negra, com todas as suas nefastas consequências para o planeta, o grande Satã triunfará, pois o ser industrializado contemporâneo necessita da sua seiva como o peixe da água.
Por isso é que todas as iniciativas para despetrolificar o mundo são ténues, temerosas e ingénuas. Um grande passo deu o primeiro-ministro antecessor Eng. José Sócrates, ao apostar largamente nas energias renováveis no nosso país, como a eólica, a solar, a hídrica ou a das marés. Também apostou fortemente o Eng. José Sócrates no carro eléctrico o que é de saudar fortemente.
A cada quilómetro de alcatrão que construímos obrigamos os portugueses a pagar no futuro um valor incalculável em euros. Importamos os veículos com que os portugueses se regozijam no seu quotidiano, enchemos o país de auto-estradas financiando as suas portagens comparticipadas e transportamos mercadoria em camiões. A nossa dependência energética no campo dos derivados do petróleo é socialmente e economicamente patológica. O INE refere num estudo recente que os gastos energéticos dos portugueses em derivados do petróleo ascendem a 50%, valor nunca antes visto. O que significa que os portugueses, mesmo com a crise não estão a abdicar de andar de viatura própria. E é neste contexto que este governo petrolificado do PSD/CDS aumenta os transportes públicos em 15%. É tão-somente um atentado à inteligência de quem tem cabeça para pensar.
Quando se poderia aproveitar a crise para obrigar os portugueses a deixar o carro em casa, aumentando severamente o imposto sobre os produtos petrolíferos, incentivando os portugueses a preterir do uso do transporte individual em prol do transporte público, este governo petrolificado dá exactamente os sinais contrários. De referir ainda que esta medida é definida por uma elevada injustiça social, pois são os mais desfavorecidos que usam o transporte público. Se têm que obter receitas adicionais, refiro-o com veemência, aumentem fortemente o ISP e o ISV, deixem de fazer estradas inúteis, eliminem o alcatrão do vosso subconsciente colectivo, desincentivem o transporte individual e despetrolifiquem o país, tornando Portugal uma pais verdadeiramente soberano.
Este governo tomou até agora medidas acertadas, difíceis, mas exigentes para sanar a crise das contas públicas, com as quais concordo. Pagarei de bom grado o imposto extraordinário natalício pois é uma medida séria e de saudar. Confesso mesmo que se deveriam acabar com os subsídios de férias e de Natal, pois servem exactamente não para a poupança, mas na maioria dos casos para comprar futilidades importadas. Saúdo este governo por medidas difíceis e necessárias que eu acolho de bom grado. Mas aumentar os transportes públicos em 15% é de uma idiotice inigualável, face aos pressupostos energéticos do país. E aos críticos digo, os transportes públicos não servem para dar lucro, cortem nos salários dos maquinistas do Metro e da CP, esses proxenetas pagos a peso de ouro que passam o ano a fazer greves. Cortem no pessoal, cortem nas despesas correntes, invistam no Metro de superfície que é sete vezes mais barato que o Metro de profundidade. Este governo com esta medida demonstrou ser mais um lacaio do grande Satã, e demonstrou estar mais petrolificado que a Arábia Saudita.
Eliminemos a nossa dependência da seiva negra maléfica, salvemos o planeta e deixemos aos nossos filhos um mundo melhor
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