Lisboa tresanda, está putrefacta e entregue aos moribundos. Quão feia é Lisboa, esta capital que não deveria sequer merecer o título de capital, deveria antes capitular perante incêndios e exércitos invasores. Qual capital de um império decadente, Lisboa encontra-se deveras putrefacta, mórbida, pestilenta, imunda, nauseabunda e com odores que repugnam o mais ilustre dos turistas. Lisboa é tão feia, tão repugnante, é um esgoto desta Europa que dejecta todas as suas imundices nesta ocidental praia suja lusitana.
E passo a explicar esta minha missiva de indignação. Os jardins públicos numa metrópole convencional são ocupados por crianças que se regozijam e brincam alegremente; por vezes sentam-se nos belos bancos de jardim de madeira e de ferro forjado os maravilhosos casais de enamorados; mas em Lisboa, os jardins são para os indigentes, para os moribundos, para os sem-abrigo e para os embriagados. O estado social não trata desta gente, e estes ociosos abundam nos jardins públicos depositando os seus nefastos dejectos fecais nos passeios e nas relvas onde brincam as crianças. Os animais que passeiam os cães, desrespeitosos com as questões de saúde pública não apreciam manipular os dejectos dos seus melhores amigos, sendo que a tão famigerada calçada à portuguesa é sempre bem agraciada com aquelas massas fecais disformes de cor acastanhada rodeadas por moscas nojentas e pestilentas. Os jardins da cidade, à excepção do Parque das Nações e de Belém, são um autêntico antro de indigentes, de moribundos, de fezes de animais domésticos, e de ociosos nauseabundos. Os jardins de Lisboa não são dos lisboetas. Quantos de vós lisboetas passearam ou se deleitaram com um bom momento de reflexão e de prazer num jardim público em Lisboa?
As casas são devolutas, estão podres e putrefactas, inabitadas ou entregues a senhorios que nada fazem para as recuperar pois auferem uns míseros euros por mês de rendas. Há outras que nem estão habitadas, nem entendo bem porquê, os prédios estão completamente a desfazer-se e podres por dentro, estando completamente abandonados, sendo até certo ponto um risco para os transeuntes. A culpa é dos malfeitores senhorios e proprietários sequiosos por dinheiro que só vendem o terreno por milhões de euros, e o prédio vai ficando assim, abandonado e devoluto. Um jovem casal da classe média que pretenda comprar casa, tem de recorrer aos subúrbios de Sintra, à Rinchoa, ao Cacém ou a Vila Franca, sendo sempre tão largamente anunciado por estes promotores imobiliários em cartazes, os princípios dos sentimentos paradisíacos e da felicidade em belas casas a apenas 45 minutos de Lisboa. Pois os jovens casais da classe média vão para a Rinchoa e para Santa Iria, e as casas do centro da cidade estão entregues a especuladores imobiliários ou então estão literalmente devolutas, inabitadas ou decadentes. Por que é que os ridículos governantes camarários não expropriam literalmente esses senhores, dando-lhes um preço ridículo pelo imóvel como castigo pela sua inobservância e falta de zelo pela coisa pública? Venha novamente entre nós um primeiro de Novembro de 1755 para revolucionar o sector imobiliário em Lisboa! Venha novamente um 25 de Agosto de 1988 para renovar o sector comercial e imobiliário no centro de Lisboa!
Lisboa é feia, é nauseabunda, é pestilenta, é desorganizada, é caótica e suja. Os carros invadem as artérias principais da cidade, e qual peste sonora e atmosférica, essas massas de ferro enlatado com motor penetram nas veias principais da metrópole e enchem-na com caos, desfiguração pitoresca, barulho, poluição, definhando e ocupando o seu espaço precioso. A empresa camarária de nome EMEL, nada faz limitando-se a mamar o erário pecuniário dos condutores para diminuir o tremendo défice camarário. No entanto continuam a abundar na cidade que viu partir as caravelas do Infante, os nefastos e funestos arrumadores de carros, quais ratos e baratas que se espezinham violenta e energicamente, mas que continuam a movimentar-se e a deambular pela cidade extorquindo os temerosos condutores.
A cidade é execrável, é hedionda, é horrível e é feia. As paredes das habitações, e todo o imobiliário público como quiosques ou paragens de autocarro estão repletas de grafitos nojentos, quais puros actos perpetrados por vândalos cosmopolitas. Nenhum dos grafitos que vejo em Lisboa é arte, são apenas rabiscos sem qualquer cariz artístico, apenas e tão-somente meros actos de vandalismo público. As paredes das habitações, as lojas, as paragens, os quiosques, as cabinas públicas, até os pequenos cilindros afunilados que servem de apoio à iluminação pública, são alvo de vandalismo pictórico por grafitos nojentos e sem sentido. É tudo desregrado e sem sentido. Lisboa é suja e nojenta. Onde está o “cheira bem cheira a Lisboa” eternizado pelo seu requintíssimo fado? A Mouraria está entregue aos carros e aos criminosos, Alfama está entregue aos indigentes, a Baixa aos turistas, o Bairro Alto aos embriagados, a Madragoa ao lixo público, a Lapa aos nobres aristocratas e o Restelo à prostituição. Resta apenas nesta Lisboa o nobre Parque das Nações, sempre jovial, belo, limpo, ordeiro, civilizado, eclético, comercial e cívico.
Lisboa é tão feia, é tão suja, caminhar pelos passeios de Lisboa é como caminhar por um campo minado de restos fecais de cães e dejectos de sem-abrigo. Os carros não respeitam os passeios e estacionam onde lhes apetece. Os monumentos estão degradados e sujos devido à poluição atmosférica causada pelo parque automóvel. As ciclovias são praticamente inexistentes, e acreditem que a morfologia da cidade permitiria que vários ciclistas caminhassem por Lisboa. Os carros trespassam passeios, invadem o espaço do peão, e passear a pé em Lisboa tornou-se praticamente caótico e desregulado. Todos os veículos ultrapassam em Lisboa a velocidade máxima permitida nas cidades pelo Código da Estrada. Quantos condutores lisboetas não ultrapassaram alguma vez os 50km/h em Lisboa? Merda, Lisboa tem em média 2,2 atropelamentos por dia, e tal deve-se apenas ao facto de esta ser estúpida e desrespeitosa perante os direitos dos seus peões.
Lisboa é criminosa, está cheia de indigentes, criminosos, travestis, proxenetas, prostitutas, moribundos e mendigos. Todas as portas das igrejas da cidade estão repletas de ratos mendicantes que anseiam sequiosos o seu quinhão para poderem adquirir o vinho e a droga que lhes saciará o vício. Todos os parques de estacionamento estão repletos de ratazanas arrumadoras de veículos de quatro rodas que extorquem dinheiro a troco de exactamente nada. Lisboa é tão homossexual; está repleta de bichas, maricas, panascas, larilas e vendedores ambulantes de panelas que ostentam tanta folia tão severamente fútil e frívola, Lisboa não passa de um antro de lésbicas homofóbicas. Lisboa é um dos centros mundiais da nefasta, vergonhosa, repugnante e nauseante homossexualidade. Concluindo, Lisboa não é mais do que uma bicha, suja, indigente, sem abrigo, que dejecta nos passeios e que se movimenta de automóvel. Lisboa não serve os cidadãos civilizados, Lisboa nunca deveria receber o título de pólis, é apenas um esgoto europeu para ratazanas asquerosas sem qualquer brio ou sentido de higiene pública.
É esta a cidade de Pessoa que viu partir as caravelas do Infante?