Romena que lavas as mágoas...


Retirado de PhotoBucket
Romena que trazes os pensos,
da amargura e embriaguez
Seca-me as lágrimas com os lenços
dos desamores que tu não vês

Cigana que vendes os pensos
que saram as mágoas do poeta
Os teus negros olhos imensos
encantam quem te inquieta

Romena bela e morena
com as tuas tranças de cetim
expia-me a pele amena
e façamos hoje um festim

Os pensos que tu me vendes
Saram as mágoas da alma
E somente o que pretendes:
um pouco de pão, que a fome acalma

Romena humilde e bela
Provéns do oriente
Guardas a chancela
de quem só rouba e só mente

Acolho-te no meu país
Pois sou contigo solidário
Guardas a nobre raiz
de quem já suportou o calvário

Vende-me os pensos que saram
todas as funestas mágoas
que se desprendam as amarras
e que navegue pelas lusas águas

Dos mares do Báltico, sara-me a dor
Claipêda, cidade trágica
onde mendiguei o amor
e venerei uma dama mágica

Lava-me as mágoas do pensamento
com os teus pensos da lucidez
Limpa-me da alma o tormento
das dores que tu não vês

Romena, encosta-te a mim
E aplica-me os pensos dos teus versos
Odora-me com alecrim
E rejeita-me os amores adversos!

The man ideology is seen through his car


Aumento dos transportes públicos em 15% - a aliança petrolificada PSD/CDS


Não hajam dúvidas prezados cibernautas o quão petrolificado é este governo liderado pelo secretário-geral do PSD, arauto seguidor das medidas do ex-primeiro ministro Prof. Cavaco Silva. Sejamos concretos e racionais no campo dos meios de transporte público.

Cinjamo-nos aos factos: Portugal é um país sem recursos petrolíferos, e está repleto de rodovias, Portugal não tem indústria automóvel própria e cada português tem um carro. Ou seja o automóvel de motor de combustão interna em Portugal é um atestado de falência e de pobreza a longo prazo. Importamos todos os recursos petrolíferos para locomover os camiões e os automóveis que não produzimos. O Prof. Cavaco Silva não foi o primeiro-ministro do betão, foi antes o primeiro-ministro do alcatrão. Os portugueses aumentaram o seu poder de compra e endividaram-se para comprar automóveis, o Estado endividou-se para construir estradas, enquanto as nossas empresas transportadoras usavam essencialmente o camião para o transporte de mercadorias, camião esse que apenas usa o gasóleo para se locomover. Poluímos o país, destruímos florestas e árvores essenciais para a produção natural de oxigénio, aumentámos as patologias de foro respiratório, ceifámos milhares de vidas em acidentes rodoviários, endividamo-nos com a nossa factura energética e tornámo-nos extremamente dependentes do exterior. Entretanto a ferrovia definhou e fechámos estações e linhas férreas.

Mas existe uma razão para tais factos maléficos e de dependência energética do nosso país. Os EUA, o grande Satã, nos anos 70 estavam em crise profunda após a guerra do Vietname. Para que pudessem fazer exportações em larga escala, emitiram milhares de milhões de dólares para desvalorizar a moeda, ao mesmo tempo que a fortaleciam ao indexar o petróleo ao dólar. Por isso é que ouvimos diariamente o preço do barril do petróleo em dólares. Ou seja, meus caros cibernautas, o raciocínio é simples, enquanto o mundo estiver dependente energeticamente do petróleo, o dólar será uma moeda forte e de larga utilização e procura. Não nos esqueçamos que os EUA invadiram o Iraque nos anos 90 por causa do petróleo, e que as grandes petrolíferas americanas fazem prospecção em diversos locais no mundo, com grande incisão no Médio Oriente. Enquanto o mundo moderno estiver dependente dessa maléfica seiva negra, com todas as suas nefastas consequências para o planeta, o grande Satã triunfará, pois o ser industrializado contemporâneo necessita da sua seiva como o peixe da água.

Por isso é que todas as iniciativas para despetrolificar o mundo são ténues, temerosas e ingénuas. Um grande passo deu o primeiro-ministro antecessor Eng. José Sócrates, ao apostar largamente nas energias renováveis no nosso país, como a eólica, a solar, a hídrica ou a das marés. Também apostou fortemente o Eng. José Sócrates no carro eléctrico o que é de saudar fortemente.

A cada quilómetro de alcatrão que construímos obrigamos os portugueses a pagar no futuro um valor incalculável em euros. Importamos os veículos com que os portugueses se regozijam no seu quotidiano, enchemos o país de auto-estradas financiando as suas portagens comparticipadas e transportamos mercadoria em camiões. A nossa dependência energética no campo dos derivados do petróleo é socialmente e economicamente patológica. O INE refere num estudo recente que os gastos energéticos dos portugueses em derivados do petróleo ascendem a 50%, valor nunca antes visto. O que significa que os portugueses, mesmo com a crise não estão a abdicar de andar de viatura própria. E é neste contexto que este governo petrolificado do PSD/CDS aumenta os transportes públicos em 15%. É tão-somente um atentado à inteligência de quem tem cabeça para pensar.

Quando se poderia aproveitar a crise para obrigar os portugueses a deixar o carro em casa, aumentando severamente o imposto sobre os produtos petrolíferos, incentivando os portugueses a preterir do uso do transporte individual em prol do transporte público, este governo petrolificado dá exactamente os sinais contrários. De referir ainda que esta medida é definida por uma elevada injustiça social, pois são os mais desfavorecidos que usam o transporte público. Se têm que obter receitas adicionais, refiro-o com veemência, aumentem fortemente o ISP e o ISV, deixem de fazer estradas inúteis, eliminem o alcatrão do vosso subconsciente colectivo, desincentivem o transporte individual e despetrolifiquem o país, tornando Portugal uma pais verdadeiramente soberano.

Este governo tomou até agora medidas acertadas, difíceis, mas exigentes para sanar a crise das contas públicas, com as quais concordo. Pagarei de bom grado o imposto extraordinário natalício pois é uma medida séria e de saudar. Confesso mesmo que se deveriam acabar com os subsídios de férias e de Natal, pois servem exactamente não para a poupança, mas na maioria dos casos para comprar futilidades importadas. Saúdo este governo por medidas difíceis e necessárias que eu acolho de bom grado. Mas aumentar os transportes públicos em 15% é de uma idiotice inigualável, face aos pressupostos energéticos do país. E aos críticos digo, os transportes públicos não servem para dar lucro, cortem nos salários dos maquinistas do Metro e da CP, esses proxenetas pagos a peso de ouro que passam o ano a fazer greves. Cortem no pessoal, cortem nas despesas correntes, invistam no Metro de superfície que é sete vezes mais barato que o Metro de profundidade. Este governo com esta medida demonstrou ser mais um lacaio do grande Satã, e demonstrou estar mais petrolificado que a Arábia Saudita.

Eliminemos a nossa dependência da seiva negra maléfica, salvemos o planeta e deixemos aos nossos filhos um mundo melhor

A RTP1 e o Serviço Público – Carta pública ao provedor da RTP


Perguntava-lhe caro provedor da RTP, após pagar mais 2,25€ de taxa de audiovisual este mês, qual a relevância no sector do serviço público que a RTP1 preconiza?

Acredito piamente que a RTP2 presta serviço público, não apenas por apresentar conteúdo que alguns poderiam considerar como elitista, mas por se apresentar como um canal eclético do ponto de vista informativo, e por conter apenas publicidade institucional. Já o caso da RTP1 é paradigmático do péssimo serviço público que presta. Não digo que os conteúdos programáticos da RTP1 sejam maus, digo-o no entanto com veemência, que os mesmos não acrescentam em nada, o que o sector privado da televisão já oferece aos telespectadores. E passo a explicar.

Uma grande percentagem temporal do telejornal da RTP1 é dedicada ao futebol. A RTP1 dedica grande parte dos seus investimentos na área do futebol. Poderiam aqui evocar-se quem sabe, as questões salutares e recomendáveis do desporto, mas a unicidade em torno do futebol que a RTP1 apresenta é decadente e deplorável. Já a RTP2 apresenta-se verdadeiramente eclética e presta verdadeiramente um serviço público na área do desporto.

A RTP1 apresenta reality shows que nada trazem de novo em relação ao que o sector privado apresenta. Será que por ter o agraciado comediante, e que eu até aprecio observar, Bruno Nogueira, que o reality show da RTP1 se apresenta como serviço púbico?

Os filmes, quando os vejo na RTP1, estão repletos de publicidade intercalar, que me deixa algo atónito, pois não compreendo como é que sendo a RTP1 um canal público apresenta tanta publicidade. Os programas da manhã, nada acrescentam em termos de serviço público, comparando com os da concorrência, mais precisamente os da SIC ou da TVI.

Salvam-se alguns programas verdadeiramente informativos e que apelam à reflexão pública, como os da Dra. Fátima Campos Ferreira, pelos quais vos devo congratular.

No campo da música a RTP1 limita-se a ter aquela decrépita e desactualizada lista de músicas que estão no topo, no seu programa TOP+, lista essa sem qualquer paralelismo com quaisquer gostos musicais, pois nos dias de hoje, o sector da inter-rede toma um papel muito mais relevante que as lojas de música ou mesmo as rádios.

A RTP1 apresenta um programa para talentos gastronómicos, que não apresenta nenhuma mais valia comparando com os já afamados programas de talentos na música, na poesia, na dança, ou até na perda de peso, como apresentam os da concorrência.

Não há nenhum programa da RTP1, à excepção daquele que já referenciei e pelo qual vos congratulo, que a concorrência não ofereça na sua grelha programática.

Repare excelentíssimo provedor, que paradoxalmente foi a TVI quem iniciou com veemência a profusão das telenovelas de índole lusa, contrastando com as brasileiras, foi a TVI que fez recentemente um programa musical para jovens talentos, em que estes cantavam quase sempre em língua portuguesa e foi a SIC quem iniciou a senda dos canais informativos em língua portuguesa. A RTP teve “Pedro e Inês”, a história de Bocage, e poucas mais valias nos apresenta comparando com o sector privado.

Prezado provedor, não sou elitista intelectual, considero que deve haver conteúdo programático para todos os gostos, de todas as classes sociais, intelectuais, religiosas ou até étnicas. O que não posso tolerar é ter de pagar mensalmente uma taxa audiovisual, a um canal que por certo adicionalmente ainda se financia de montantes pecuniários através do orçamento de estado, quando este não acrescenta em nada, ao que o sector privado já oferece. Poderia evocar-se a questão da publicidade, que é de valorar, pois a título de exemplo valorizo bastante e sou afincado ouvinte da Antena 1, que apresenta conteúdo similar à TSF, mas sem a vertente publicitária. Neste caso o contexto do serviço público aplica-se. Na RTP1 não, pois esta é profusa em publicidade.

Penso sinceramente caro provedor que a RTP1 se encontra numa encruzilhada. Ou aposta seriamente no serviço público, não sendo temerosa pelas audiências, e rejeita de vez a publicidade; ou, e por certo será o mais certo, passo o pleonasmo, privatizem-na de vez pois não oferenda ao telespectador nenhuma mais valia, em comparação com o sector privado, apresentando-se somente como um cancro financeiro para o erário público e para o mero contribuinte, no qual eu me incluo.

Prezado provedor da RTP

Aceite os meus melhores cumprimentos

João Pimentel Ferreira

Quão suja e feia é Lisboa


Lisboa tresanda, está putrefacta e entregue aos moribundos. Quão feia é Lisboa, esta capital que não deveria sequer merecer o título de capital, deveria antes capitular perante incêndios e exércitos invasores. Qual capital de um império decadente, Lisboa encontra-se deveras putrefacta, mórbida, pestilenta, imunda, nauseabunda e com odores que repugnam o mais ilustre dos turistas. Lisboa é tão feia, tão repugnante, é um esgoto desta Europa que dejecta todas as suas imundices nesta ocidental praia suja lusitana.

E passo a explicar esta minha missiva de indignação. Os jardins públicos numa metrópole convencional são ocupados por crianças que se regozijam e brincam alegremente; por vezes sentam-se nos belos bancos de jardim de madeira e de ferro forjado os maravilhosos casais de enamorados; mas em Lisboa, os jardins são para os indigentes, para os moribundos, para os sem-abrigo e para os embriagados. O estado social não trata desta gente, e estes ociosos abundam nos jardins públicos depositando os seus nefastos dejectos fecais nos passeios e nas relvas onde brincam as crianças. Os animais que passeiam os cães, desrespeitosos com as questões de saúde pública não apreciam manipular os dejectos dos seus melhores amigos, sendo que a tão famigerada calçada à portuguesa é sempre bem agraciada com aquelas massas fecais disformes de cor acastanhada rodeadas por moscas nojentas e pestilentas. Os jardins da cidade, à excepção do Parque das Nações e de Belém, são um autêntico antro de indigentes, de moribundos, de fezes de animais domésticos, e de ociosos nauseabundos. Os jardins de Lisboa não são dos lisboetas. Quantos de vós lisboetas passearam ou se deleitaram com um bom momento de reflexão e de prazer num jardim público em Lisboa?

As casas são devolutas, estão podres e putrefactas, inabitadas ou entregues a senhorios que nada fazem para as recuperar pois auferem uns míseros euros por mês de rendas. Há outras que nem estão habitadas, nem entendo bem porquê, os prédios estão completamente a desfazer-se e podres por dentro, estando completamente abandonados, sendo até certo ponto um risco para os transeuntes. A culpa é dos malfeitores senhorios e proprietários sequiosos por dinheiro que só vendem o terreno por milhões de euros, e o prédio vai ficando assim, abandonado e devoluto. Um jovem casal da classe média que pretenda comprar casa, tem de recorrer aos subúrbios de Sintra, à Rinchoa, ao Cacém ou a Vila Franca, sendo sempre tão largamente anunciado por estes promotores imobiliários em cartazes, os princípios dos sentimentos paradisíacos e da felicidade em belas casas a apenas 45 minutos de Lisboa. Pois os jovens casais da classe média vão para a Rinchoa e para Santa Iria, e as casas do centro da cidade estão entregues a especuladores imobiliários ou então estão literalmente devolutas, inabitadas ou decadentes. Por que é que os ridículos governantes camarários não expropriam literalmente esses senhores, dando-lhes um preço ridículo pelo imóvel como castigo pela sua inobservância e falta de zelo pela coisa pública? Venha novamente entre nós um primeiro de Novembro de 1755 para revolucionar o sector imobiliário em Lisboa! Venha novamente um 25 de Agosto de 1988 para renovar o sector comercial e imobiliário no centro de Lisboa!

Lisboa é feia, é nauseabunda, é pestilenta, é desorganizada, é caótica e suja. Os carros invadem as artérias principais da cidade, e qual peste sonora e atmosférica, essas massas de ferro enlatado com motor penetram nas veias principais da metrópole e enchem-na com caos, desfiguração pitoresca, barulho, poluição, definhando e ocupando o seu espaço precioso. A empresa camarária de nome EMEL, nada faz limitando-se a mamar o erário pecuniário dos condutores para diminuir o tremendo défice camarário. No entanto continuam a abundar na cidade que viu partir as caravelas do Infante, os nefastos e funestos arrumadores de carros, quais ratos e baratas que se espezinham violenta e energicamente, mas que continuam a movimentar-se e a deambular pela cidade extorquindo os temerosos condutores.

A cidade é execrável, é hedionda, é horrível e é feia. As paredes das habitações, e todo o imobiliário público como quiosques ou paragens de autocarro estão repletas de grafitos nojentos, quais puros actos perpetrados por vândalos cosmopolitas. Nenhum dos grafitos que vejo em Lisboa é arte, são apenas rabiscos sem qualquer cariz artístico, apenas e tão-somente meros actos de vandalismo público. As paredes das habitações, as lojas, as paragens, os quiosques, as cabinas públicas, até os pequenos cilindros afunilados que servem de apoio à iluminação pública, são alvo de vandalismo pictórico por grafitos nojentos e sem sentido. É tudo desregrado e sem sentido. Lisboa é suja e nojenta. Onde está o “cheira bem cheira a Lisboa” eternizado pelo seu requintíssimo fado? A Mouraria está entregue aos carros e aos criminosos, Alfama está entregue aos indigentes, a Baixa aos turistas, o Bairro Alto aos embriagados, a Madragoa ao lixo público, a Lapa aos nobres aristocratas e o Restelo à prostituição. Resta apenas nesta Lisboa o nobre Parque das Nações, sempre jovial, belo, limpo, ordeiro, civilizado, eclético, comercial e cívico.

Lisboa é tão feia, é tão suja, caminhar pelos passeios de Lisboa é como caminhar por um campo minado de restos fecais de cães e dejectos de sem-abrigo. Os carros não respeitam os passeios e estacionam onde lhes apetece. Os monumentos estão degradados e sujos devido à poluição atmosférica causada pelo parque automóvel. As ciclovias são praticamente inexistentes, e acreditem que a morfologia da cidade permitiria que vários ciclistas caminhassem por Lisboa. Os carros trespassam passeios, invadem o espaço do peão, e passear a pé em Lisboa tornou-se praticamente caótico e desregulado. Todos os veículos ultrapassam em Lisboa a velocidade máxima permitida nas cidades pelo Código da Estrada. Quantos condutores lisboetas não ultrapassaram alguma vez os 50km/h em Lisboa? Merda, Lisboa tem em média 2,2 atropelamentos por dia, e tal deve-se apenas ao facto de esta ser estúpida e desrespeitosa perante os direitos dos seus peões.

Lisboa é criminosa, está cheia de indigentes, criminosos, travestis, proxenetas, prostitutas, moribundos e mendigos. Todas as portas das igrejas da cidade estão repletas de ratos mendicantes que anseiam sequiosos o seu quinhão para poderem adquirir o vinho e a droga que lhes saciará o vício. Todos os parques de estacionamento estão repletos de ratazanas arrumadoras de veículos de quatro rodas que extorquem dinheiro a troco de exactamente nada. Lisboa é tão homossexual; está repleta de bichas, maricas, panascas, larilas e vendedores ambulantes de panelas que ostentam tanta folia tão severamente fútil e frívola, Lisboa não passa de um antro de lésbicas homofóbicas. Lisboa é um dos centros mundiais da nefasta, vergonhosa, repugnante e nauseante homossexualidade. Concluindo, Lisboa não é mais do que uma bicha, suja, indigente, sem abrigo, que dejecta nos passeios e que se movimenta de automóvel. Lisboa não serve os cidadãos civilizados, Lisboa nunca deveria receber o título de pólis, é apenas um esgoto europeu para ratazanas asquerosas sem qualquer brio ou sentido de higiene pública.

É esta a cidade de Pessoa que viu partir as caravelas do Infante?

A Saúde em Portugal - gratuita ou não gratuita, eis a Constituição


Recentemente Cavaco Silva defendeu que quem ganha mais também deve pagar mais pelos serviços de saúde, independentemente de já pagar mais impostos, veja aqui a notícia. O Presidente da República diz ainda que face às dificuldades do país, o Estado deve delegar os cuidados de saúde caso não tenha capacidade financeira para os garantir.

Pois meus caros internautas, relembro-vos a alínea a) do n.º 2 do art.º 64.º da Constituição da República Portuguesa, magna República à qual Cavaco Silva é Presidente.

“2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;”

A constituição é bem clara neste aspecto, a saúde deve ser universal e tendencialmente gratuita. A presidente de um grupo privado de saúde (BES) referiu recentemente que a saúde era bastante lucrativa e que em termos de proveitos financeiros só era ultrapassada pelo negócio do armamento.

Estes senhores dos privados, e das seguradoras, querem embutir em Portugal, no campo da saúde um sistema neo-liberal do género do norte-americano em que quem não tiver dinheiro para seguro de saúde, não é tratado nos hospitais e num caso extremo se tiver uma doença grave e não tiver seguro, morre à porta do hospital.

Tive em tempos de receber tratamento médico na Alemanha enquanto viajava. Dirigi-me às urgências do hospital central de Jena, na antiga Alemanha Oriental, em 10 minutos fui atendido, fui visto e fui operado por um médico cirugião no espaço de 15 minutos a um pequeno corte que tinha no membro superior direito. Apresentei o meu cartão europeu de saúde e não paguei nada.

Meus caros, isto sim são cuidados de saúde. E não tão-somente pelo facto de Alemanha ser um país rico e Portugal não ser. Os EUA são um país riquíssimo e as pessoas sem seguro de saúde morrem à porta do hospital sem tratamento médico. São claramente opções políticas.

Se querem cortar nos gastos da Saúde, e acho que o devem fazer por questões de equilíbrio das contas públicas, comecem por seguir os sensatos conselhos do Dr. Paulo Portas, e da esquerda no geral, no que concerne à prescrição de medicamentos por princípio activo e não por marca. O Estado Português gasta por ano cerca de 1000 milhões de euros em comparticipações de medicamentos. Havia por aqui muito dinheiro que se podia poupar. Mas por certo o bloco central e o bloco governativo estão super comprometidos em apaziguar a pobre e mendicante indústria farmacêutica que tem de lucro vários milhares de milhões por ano, à custa do saque que faz aos contribuintes.

Relembro-vos novamente a alínea a) do n.º 2 do art.º 64.º da Constituição da República Portuguesa, república à qual Cavaco Silva é presidente.

“2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;”

E os doutos doutores do Tribunal Constitucional, não terão nada a referir a propósito das leis que aí virão? Até um menino da quarta classe percebe que as leis que o governo PS instituiu, que o governo PSD/CDS continuará e agravará, e que Cavaco Silva atesta, são claramente inconstitucionais.

E 13 doutos doutores do TC, não se apercebem da clara e evidente inconstitucionalidade? Ou a Constituição não é para se levar em conta, e é apenas um manual de bons costumes e de boas práticas para se ler em ocasiões solenes?

A Constituição serve exatamente para nos momentos difíceis e de aflição, não perdermos o rumo e os valores basilares da República. E se o Prof. Cavaco Silva a conhece bem, deveria medir bem as palavras antes de propalar ideários anti-constitucionais.