Amor fecundo


Beijo-te os lábios e criamos uma deidade
Copulamos um império e um continente
No meio dos teus lábios florescerá um ente
Entre tuas mamas, a fecundidade

Nos teus olhos castanhos, vejo a mocidade
Rogo ao Pai, ao Senhor e ao teu regente
para que possua o teu esbelto corpo ardente
e para que a tua vulva, me roube a castidade

És um imenso império de tesão
És a mulata gostosa, dócil e vil
que me impele à lasciva imensidão

e que me incute a volúpia do Brasil
Sou o Cristo, o Messias, tu és o Pão
que degusto na última ceia no meu redil.





Tens a verde bandeira do losango
e dos céus do Sul, tens o cruzeiro
é a anatomia da mulher, o sacro outeiro
a origem do mundo em divo plano

Alegras-me com o círculo azul ufano
Esférico, da maresia e feminino
o orifício donde nasce o menino:
poeta brasileiro e o povo insano

Tens o verde das florestas imensas
O Progresso de um imenso mundo novo
A Ordem nobre, e as eloquências

de um multi-étnico e lascivo povo
A tua mulher dá-me as conivências:
Degusto-a, redimo-me e aprovo

The Latin knight


Have you seen the knight
through the foggy dawn?
Have you seen his light
and the anointed pawn?

Have you seen the cross
which stands on his chest?
You would never get lost
nor you shall perish or rest!

Haven’t you seen the Temple
and the holy path?
Be ferocious and gentle
evoke mildness and wrath

Neophyte, haven’t you ever seen
as she words Prose and Poetry?
Kneel on behalf of your queen
offer her love and idolatry

Unsheathe your sacred sword
and defeat the unmerciful devil
Request strength from your Lord
collapse Satan and the evil

Make love with the luscious womankind
Erect your arm and your phallus
Be forceful, though gentle, be kind
Be Roman, magnanimous, be Paulus!

A encarnação do arquétipo


A loira eslava da rubra bandeira
incute-me o fervor, a lascívia e a paixão
o excelso coito, o deboche e a tesão
e do Amor exogâmico, germinamos a cimeira

Observo-a nua, pérfida e inteira
Nesta ímpia fêmea faço a fusão
Procriamos um ente, um império, a Nação
Furo-a e degusto-a à minha maneira

Perdoai-me Senhor por este desejo iníquo
As eslavas são o arquétipo da mulher
Este luso-semita escreve este verso profícuo

Onde a libido e o sangue plasmam o caracter
E com o meu falo espetado, erecto e oblíquo
Penetro e rasgo o corpo da eslava que me quiser

Terezinha de Chico Buarque e Maria Bethania - Código da Propriedade Emocional de uma Mulher


Meus caros excelsos amigos homens com ou sem companheira marital, caríssimos cibernautas desta inter-rede que nos incute a lascívia e a exuberância libertária primordial.

Se compreenderem a metafísica latente por detrás destes sacros versos que estão plasmados nesta música, se indagarem a transcendência simbólica, se compreenderem esta Mensagem, compreenderão as rotinas algorítmicos que regem a mulher, e conseguirão conquistar e possuir qualquer mulher que desejarem, qual sacro manual da conquista feminina dos magnos galãs.

Se entenderem a Mensagem destes versos sacrais, a mulher deixará de ser aquele estranho, complicado e complexo ente que por vezes nos causa a nós homens tanta inquietude e perplexidade.

Deixo aqui o código da propriedade emocional feminina apenas para vós abençoados e iluminados internautas masculinos.





Terezinha

O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não

O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito poceiro, dentro do meu coração


Chico Buarque

A Matriz anglo-saxónica


Rezam lendas e vontades
que no solstício de verão
abraçareis o teu irmão
e criareis as Irmandades

E as contrariedades
Eliminai-as do coração
com Amor e com Perdão
tais como as cristandades

Quem sois vós nobre Poeta?
Sois Portugal e quem vos fez
Sois o que escreve, sois o profeta

Sois os tempos, o ano e o mês
Sois aquele que com a espada espeta
o peito do vil mação Inglês




A América é o terror
Os seus líderes sanguinários
só provocam os calvários
a quem só ora o verso Amor

A Maquiavel fazem louvor
Deste monstro são partidários
Do terror são eles sectários
incutindo nos pueris a dor

A tortura está presente
nos lacaios que não sentem
Está-lhes no inconsciente

Eles juram, matam e mentem
Comandados pela serpente
Eles não pensam, nem dissentem

A Metafísica dos símbolos maiores do Cristianismo e do Islamismo


Crescente islâmico - inter-rede
Cumprem-se os momentos de altivez e questiono-me sobre as idiossincrasias que regem o mundo. Hoje cheguei a uma magna conclusão nuns momentos inspiratórios de extrema lascívia. Observai atentamente caro profano, o símbolo maior do Islão, e vereis que esse mesmo símbolo é de uma feminilidade grandiosa. Tecerei aqui algumas considerações iniciáticas sobre as feminilidades latentes do Islão.

Como bem sabeis o ser humano começou o seu périplo evolutivo há cerca de sete milhões de anos, sendo que em África há cerca de duzentos mil anos a raça humana deu o último passo evolutivo para nos tornarmos o que hoje somos. Mas a razão, a consciência é muito menos poderosa que o nosso lado primário, ou animal. O nosso cérebro no seu centro guarda ainda reminiscências dos tempos de animal selvagem e primário, sendo que outra zona do cérebro está muito mais associada à razão e aos raciocínios lógicos, e é esta simbiose que nos define enquanto seres humanos.

Quarto Crescente
por Nelson d Paula
Mas o que é caricato observar é que as ligações comunicativas entre estas duas partes do nosso cérebro fazem com que haja muito mais informação a fluir proveniente do nosso lado animal do que informação a fluir proveniente do nosso lado racional, assim sendo numa situação de pânico ou de aflição os nossos instintos são severamente relevados. Na nossa evolução enquanto Homo Sapiens, que começou há duzentos mil anos, passámos por muitos momentos de aflição, de enlevo emocional e de rituais primários de fecundidade. Vivemos a grande maioria destes duzentos mil anos na selva como animais selvagens, ou na savana e como tal regíamo-nos pelos ciclos lunares, da fecundidade, pelas estações do ano, das secas, das cheias e tudo o que observávamos na natureza. O nosso subconsciente presente traz então um legado milenar de milhares de anos de evolução que ainda guardamos bem dentro de nós.

A lua cheia remete-nos para as questões da folia e da vivacidade pois enquanto animais selvagens aproveitávamos os momentos de lua cheia para usufruir da noite, sendo que a lua era a única fonte de luz que possuíamos nesses tempos. Os homens e mulheres não andavam cobertos, essas imagens que vemos dos homens selvagens cobertos são apenas estereótipos deturpados pelos padrões morais, os homens e mulheres durante um largo período andariam completamente nus tal como os animais. Os falos, as vulvas, os seios femininos e as nádegas teriam então uma forte influência visual nos indivíduos pois estavam diretamente relacionados com a fecundidade, objetivo primário de um animal.

Há estudos por exemplo que demonstram que as mulheres que têm as ancas mais largas que a cintura numa proporção de dois terços, têm mais facilidade em engravidar, assim a anca larga incutiu nos homens uma marca indelével de fecundidade feminina, logo o alvo apetecível para possuir e conceber para o frutífero espalhamento do código genético. Há que entender que a função primária do animal é tão-somente conceber e proliferar o seu código genético, sendo que o macho homem associou no seu subconsciente uma relação direta entre fecundidade feminina e anca larga. O mesmo raciocínio se pode aplicar às mamas da mulher ou a juventude feminina. Estes são padrões que estão estritamente associados à fertilidade, que o subconsciente masculino reconhece. É por esta razão que atrai ao homem salubre, umas boas mamas, umas boas nádegas ou uma moça jovial, porque são ícones naturais de fecundidade.

Mas nesta senda que fazia pela busca da verdade, nesta investigação racional, apercebi-me das simbologias religiosas. Muito se tem debatido sobre os símbolos maiores da Cristandade e do Islamismo. A bibliografia exotérica refere somente questões preambulares e intermédias não se centrando no busílis da questão que não é mais do que as questões carnais e venéreas.

As formas retilíneas e angulares associam-se indubitavelmente ao homem, porque o homem com o falo ereto visto de forma lateral tem uma silhueta visual que se assemelha a duas retas cruzadas. A horizontal é o próprio falo, e a vertical é o próprio corpo do homem. A forma do corpo masculino primário está mais associada visualmente às linhas retas, pois a anatomia masculina não é muito dotada de curvas.

A mulher é claramente curvilínea, pois as suas formas anatómicas têm mais curvas que retas, as suas nádegas são esféricas e redondas, assim como são os seus seios, e são sempre em pares. Ela tem um par de nádegas e um par de mamas, daí os números pares estarem tão associados à feminilidade.

Qual a forma mais primária de cópula entre os mamíferos, grupo animal a que pertencemos? É a penetração por trás! E foi esta a forma que o macho homem utilizou durante vários milhares de anos para copular com a fêmea. E quando um macho homem penetra por trás para conceber uma fêmea que aspeto e silhueta é que lhe surge no campo visual, senão do que tão-somente uma figura esférica e redonda, o rabo feminino! E as mamas das mulheres voluptuosas fecundas, quais as formas geométricas que tomam, senão do que esféricas e redondas. Os fatores curvilíneos estão assim indelevelmente associados à feminilidade, assim como todas as formas geométricas que incorram em círculos ou esferas.

A lua é então uma forma ancestral de observarmos no céu uma esfera uma vez a cada 29 dias. E qual é o ciclo menstrual da mulher senão o de 29 dias! É porque a lua cheia era a altura propícia para a fecundidade, pois era a noite em que o homem macho observava no céu de uma forma latente um rabo gigante de mulher. Ficava então o macho exuberado e com vontade de conceber tal era a motivação visual por aquele astro grandioso. A lua é feminina, é passiva pois é da noite, quando a luz desaparece gradualmente e quando o escuro se apropria da terra, ficando assim indubitavelmente também associado à passividade, característica tipicamente feminina.

Homem vitruviano formando uma cruz
A lua tem então todas as características primárias, astrais e naturais que a associam ao género feminino, e muito mais poderia ser dito e afirmado para confirmar esta tese. Qual é então a religião que tem a lua num dos seus estados astrais, como símbolo doutrinal maior? É o Islão! E reparem que apesar de se denominar crescente o símbolo no topo das mesquitas é quase sempre apresentado num estado minguante, asseverando e confirmando assim a sua passividade e feminilidade latentes. E reparem como nas mesquitas encontramos sempre tantas curvas e tantas formas curvilíneas e esféricas, que como já demonstrei são caracteristicamente femininas. O Islão é assim, por muito que se diga o contrário, a doutrina religiosa com uma maior simbologia primária feminina.

Cruz Cristã
Foto de livre circulação e cópia
O Cristianismo, que faz uso da Cruz, e pelo facto de esta se tratar de duas linhas retas cruzadas formando um ângulo de noventa graus, é pelas razões supra evocadas, uma religião com cariz simbólico muito mais másculo e masculino, relevando no entanto que o falo que a cruz nos apresenta no Cristianismo é um falo invertido, oferecendo ao crente alguma passividade patente a título de exemplo na doutrina cristã nos atos de redenção e de humildade.


O Islão é assim efeminado, sendo o Cristianismo masculinizado.

A Metafísica do Verso


Faço das palavras a profecia
Faço das acções a Poesia
Faço da bondade a heresia
Sou o Poeta que ninguém seria

Pois sou Atila e sou uno
Sou o cavaleiro nocturno
Sou Cristão, sou o Huno
E perscruto o ego profundo

Há quem me chame de João
Há quem me chame de Sansão
De nascença sou Cristão
Sou eclético, sou o Islão

Sou o homem primordial
Sou o austral, o boreal
Não sou nada, sou sacral
Sou o mundo, Portugal

Sou Romano, sou católico
Sou protestante apostólico
Dos versos sou alcoólico
Sou viril, sou melancólico

Sou Mongol, conquistador
Recebo as palavras do criador
Faço-o com prazer e com dor
Aceitai os meus versos, Senhor

Sou Platónico, sou um traste
Mas nunca tu erraste?
Nunca me sonhaste?
Meu mel, foste o homem que abraçaste!

Sou Guilherme, o Inglês
O Poeta que te fez
O homem que pereceu em Fez?
Sou um nobre Português.

E Goethe, o Alemão
O Poeta da razão
O filósofo da paixão
Um aristocrata mação

Sou Bocage, sou Pessoa
Sou Camões que foi para Goa
Sou o Poeta de Lisboa
cujo verso te atordoa

Sou Bizâncio derrotada
Sou a freira estuprada
Sou Roma incendiada
Sou a Moira baptizada

De França, sou Bonaparte
Sou fútil, sou a Arte
Sou o Homem que irá beijar-te
Deus é todo, eu sou a parte

Sou Voltaire, iluminado
pelo Saber consagrado
Sou Bocage, sou o Sado
Sou o Tejo, o mar salgado

Sou Kafka, sou de Praga
Do Cristo sou a Chaga
Praguense que afaga
a metamorfoseada

Sou o Báltico, a lituana
Sou Vilna, a tirana
Sou o homem que ainda te ama
Das águas frias, sou a chama

Sou Mozart, iniciado
Maestro abençoado
No ritmo aperfeiçoado
Sou eu o austral cabo

Já viste quem fui eu?
Não fui nada, fui o breu
Fui o Cristo, o Apogeu
Fui Nazi, fui o Hebreu

Já viste quem eu sou?
Sou o Poeta que perdurou
Sou o Homem que iluminou
Sou a procurada bijou

Sou Platão e Aristóteles
Sou a República, sou Hipócrates
Sou o Homem que nunca fostes
Sou o falo triângulo isósceles

Sou a derivada parcial
Sou o Pi, o integral
Sou o número natural
Faço cálculo diferencial

Sou a Álgebra, sou Real
O cálculo fundamental
Sou Descartes racional
Sou Poeta e Portugal

Sou prostituta cristã
Sou uma reles mulher maçã
Sou moçárabe, sou Imã
Tomo por trás tua irmã

Sou impune, sou pueril
O menino que brinca no covil
Lisboa é o meu redil
Sou o filósofo do ardil

Sou quem te abraça meu amor
Sou quem te reitera o calor
Sou quem te retira a dor
Sou da Paz, um Criador

Sou aquele que te ama
Aquele que te endoidece
Sou a moira profana
A quem tu rogas a humilde prece

Sou quem tu anseias
Sou quem tu requeiras
Sou as másculas sereias
Sou Dido, sou Eneias

Sou Vénus e Afrodite
Sou renegado, sou Plutão
Não há ninguém que me imite
Sou quem te doira o coração

Sou a cátedra, o trono
O lente e o tutor
Sou discente, sou o aluno
Sou o Livro, sou Doutor

Sou a Palavra, a Eucaristia
Sou a abóbada muçulmana
Sou mulher, Santa Sofia
Sou só o homem que te ama

O Islão é feminino
O Crescente é a mulher
Vejo as curvas de menino
O regaço que me irá acolher

O Islão é tão mulher
O sufista profetizou
Será o Cristo, o melhor?
Alá e Deus, um Bem comum!

Deus é o Pai e Alá é a Mãe
Cristo é Messias, Maomé é Poeta
Buda é o Homem, é o profeta
A carne é terra, o Verso é Além

Premonições milenares


Rezam histórias e tormentos
Rezam as lendas milenares
Que te surgirá nos pensamentos
A mulher que tu amares

Rezou o mago da distância
E os neófitos iniciados
Doutrinaram-te na infância
para os veres terrificados

Consagrou-te para seres o mago
que quebrará as algemas
do povo acorrentado
Deu-te a luz para que não temas

A besta tem um nome
mora para lá do Atlântico
Não há ninguém que a destrone?
E ao seu arsenal gigântico?

Neófito, não temas
Pois Deus abençoou-te
Faz do Amor os teus lemas
O Infante baptizou-te

Na nova ordem do templo
que em Portugal foi da Cruz
Dá aos gentios o exemplo
Mostra-lhes donde vem a luz

Não vem apenas do Sol
nem da efeminada lua
O Cristo é o farol
que doira a tua alma escura

Neófito, tens a missão
Consagraram-te no ministério
Derrotarás o vil mação
E ao Sul,
germinarás um império!



Aónio Eliphis
Lisboa 14/02/11

Mar Holandês


Onda que trazes do mar
os sonhos imensos sem fundo
cessa a espuma e o luar
leva-me a dor ao mar profundo

Traz-me o orgulho e a vontade
Traz-me a força para cantar
Leva a angústia e a saudade
quando onda, voltares ao mar

Onda que cantas comigo
Traz-me do mar os teus sonhos
Sussurra-me ao ouvido
os versos mais medonhos

Escuta-me onda os pensamentos
Traz-me as memórias de menino
Leva-me os meus tormentos
Traz-me do Oceano o seu Hino

Onda que levas as naus
dos homens do Infante
Lava-me agora as mãos
que escrevem este verso errante

Onda que te vens em mim
numa lírica tão mágica
O teu tacto é de cetim
A tua história é tão trágica

Retorna ao mar e devolve
as sacras águas do baptismo
no corpo da dama envolve
os meus beijos em secretismo

Magna onda boreal
que me encontras na Holanda
Vieste de Portugal
pelos mares de quem te ama.




Aónio Eliphis
A Haia, 11/02/11

Paulo, o controller


O Paulo é controller numa empresa com um elevado ranking. A empresa surgiu como spin-off de uma que fazia IT consulting para um banco que por sinal aplicava spreads muito altos porque nunca tinha budget suficiente!

O Paulo trabalha em outsourcing! De manhã vai ao ginásio e faz body fitness e por vezes faz body contact ou também body pump. Veste o fato e gravata, sai do ginásio entra no carro e liga o rádio. A RFM passa I want to live in Ibiza, na M80 ouve-se Born in the USA e a comercial passa Lady Gaga. Passa para a TSF e repara que as top 10 do Dow Jones mudaram!

Chega ao trabalho e vê que o laptop está avariado! Telefona a um expert que vê num site, envia um mail através de um link, este diz-lhe que ou é hardware ou software. Se for hardware só pode ser da motherboard, se for software deve ser algum trojan ou algumas cookies que fez download através de um browser.

Tem um feeling que o controle da equipe é difícil para se manter o know-how. Reúne-se para um brainstorming e concluem que precisam de mais workshops e melhor marketing. Compram uns scanners, fazem uns flyers, e têm que os distribuir, mas refere off the record que precisam de muito low-profile!

Sai do emprego e vê-se como freelancer num atelier de design. Almoça num franchising de fast food na happy hour porque tinha visto num out door de uma empresa de catering. Faz um pequeno briefing do que precisa, vai a um shopping com lojas low-cost e como recompensa recebe um voucher que só pode usar online.

Liga o laptop, e através do chat diz ao patrão que tem um background notável e que espera algum feedback da proposta que lhe enviou. Ri-se seriamente e tecla lol! Diz ao patrão que o marketing da empresa sempre respeitou o copyright! Faz logout, vai à net e vê uns carros a diesel e reserva um test drive.

Sai à noite para um pub, chama o garçon e pede um whisky. Ouve-se jazz e blues. Senta-se à sua frente um gay inglês, cantam karaoke, conversam um pouco e o Paulo diz que precisa de algum input. Fazem check-in para um duplex num hostel e activam uma jukebox que toca Nikita de Elton John. Salvam numa pen os ficheiros de um torrent para fazer backup, e usam-nos com uns joysticks para jogar online.

No fim, chama o staff do hotel, tomam um drink e refere que o seu slogan é “Yes, we can!”

A neerlandesa


Caminhais neerlandesa entre os ciprestes
procurais a verdade e a virtude
buscais a razão pura e o amor salubre
num Inverno com árduos ventos agrestes

Criastes na Europa os grandes Mestres
e à força das águas graves és imune
julgastes os criminosos amiúde
na Haia, cujos déspotas não temestes

Doce neerlandesa, deusa loira
Incuti-me o pecado e a luxúria
Contrastais com a fadista moira

és o ícone sacro da candura
sois bela, sois a dama quem doira
o meu ego, que em vós revê a ternura

As géneses protestatórias do Egito


Egípcio, és um mero lacaio,
És um subordinado dos titãs
Que querem destronar os imãs
que te regem, desde há séculos no Cairo

Egípcio queres o teu Maio?
Queres ver indignas tuas irmãs?
Queres torná-las mulheres maçãs?
Não! De Lisboa eu não saio!

São os déspotas do novo mundo
que te fazem Egípcio crer!
Mas o seu mundo é tão imundo

É um mundo que não queres ser
Protestas na rua furibundo
para ao vil mação dares o poder!

O Sindicalismo do Capital


Vivemos claramente num regime capitalista, em que o estado social ainda tem um peso preponderante, e felizmente que assim o é. Portugal ainda consegue conciliar salutarmente o estado providência caracteristicamente europeu com origens germanas e um regime mais liberal claramente sucedâneo das doutrinas capitalistas do filósofo e economista escocês Adam Smith, que tem o seu apogeu no novo mundo!

Portugal concilia muito bem estes dois mundos. A segurança social e o serviço nacional de saúde ainda prestam com algumas limitações um serviço público de providência com alguma qualidade, e um indivíduo empreendedor e dinâmico que queira estabelecer o seu próprio negócio privado tem todas as condições estatais e fiscais para o fazer em Portugal. Portugal concilia salutarmente o capital com a doutrina do estado providência criado após a revolução dos cravos

E tais poderes teoricamente antagónicos e em dipolos ideológicos distantes conseguem em Portugal ter uma conciliação e um entendimento apesar das circunstâncias por vezes menos propícias, harmoniosos.

O que é realmente um autêntico sofisma declarado, um autêntico paradoxo ideológico que nos remete tão-somente para os interesses próprios sem quaisquer bases racionais ou políticas estruturadas, é aquilo que eu apelido de sindicalismo do capital

Pensemos conjuntamente, o que é que hoje mais se reivindica por parte dos sindicatos? A resposta apesar de aparentar ser filosoficamente contraditório é clarividente: Capital! Os sindicatos querem constantemente aumentos salariais, convocam greves quando há cortes salariais na função pública, os sindicatos dos juízes protestam contra os cortes salariais, os sindicatos dos trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda fazem greve contra os cortes salariais, os polícias e os guardas querem nivelamento salarial, os enfermeiros querem subsídio de risco pecuniário e os sindicatos dos médicos querem que estes recebam mais pelas horas extraordinárias.

Hoje em dia caros leitores só uma forma de calar um sindicalista: com capital. Já não interessam as condições macroeconómicas do país ou se produzimos menos do que aquilo que gastamos, porque para um sindicalista há sempre o argumento falacioso do outro, de alguém que ganha mais, do gestor que ganha exorbitantemente mais. É certo que a classe gestora em Portugal, muita dela não passa tão-somente de um antro de lacraus. Vestem-se de fato e gravata, dizem uns anglicismos imperceptíveis ao comum dos trabalhadores e evocam a crise para contratarem funcionários de forma precária. Não nos iludamos, os gestores de fato e gravata que gerem o nosso país são a verdadeira causa do estado em que vivemos, e também o são os trabalhadores porque exigiram sempre aquilo que o país não podia suportar para comprarem as suas frivolidades de consumo importadas, que apenas desequilibraram a nossa balança comercial.

Sou bastante sincero: Para quê aumentar um funcionário público se ele gasta na maior parte dos casos mais de metade do que recebe em produtos que provêm do estrangeiro? Não será mais sensato apoiar as pequenas empresas a tornarem-se grandes? Não será mais sensato impulsionar a indústria que Portugal nunca teve de forma sustentada e produtiva? Industria pesada! Um país com uma costa marítima tão extensa que construía as suas próprias naus para navegarem para além do cabo da Boa Esperança, agora teve de se endividar para comprar dois submarinos ao exterior!

O endividamento externo é patológico na nossa sociedade e o sindicalista não passa de uma pequena criança que não entende tais parâmetros macroeconómicos. Quer o carrinho a todo o custo mesmo que o pai não tenha ordenado para o pagar. E como o pai é fraco endivida-se com uma credora para pagar o carrinho ao filho. Mas como o filho tem irmãos e irmãs, o pai endivida-se cada vez mais para saciar os ímpetos consumistas das crianças.

E qual é aquilo de quo o sindicalista está sempre mais sedento: Capital! O capital é a forma mais objectiva e fácil de calar um sindicalista!

Não é vergonhoso terem certas empresas públicas passivos da ordem dos milhares de milhões de euros como na área dos transportes e os trabalhadores dessas mesmas empresas estarem constantemente em protestos? Não é de uma indecência de bradar aos céus, visto que eles reclamam o dinheiro que não é do governo mas sim do erário público ou seja de todos nós?

A forma mais rápida de parar uma greve não é com cedência de exigências, mas com capital! Até porque na maioria dos casos as exigências passam sempre por aumento de capital!

Vejamos a greve vergonhosa dos pilotos da transportadora aérea nacional que extremamente bem remunerados exigiram aumentos salariais incomportáveis. Os funcionários dos impostos fizeram greve por aumentos salariais, os das alfândegas querem aumentos salariais, as forças da ordem querem mais subsídios de riscos que implicam aumentos de salário e os professores estão descontentes com as novas regras porque implicarão uma subida na carreira menos acentuada que fará com que a subida de ordenado seja também menos acentuada.

Historicamente o sindicalismo e o associativismo tiveram um papel preponderante nas exigências para melhores condições de trabalho, mais segurança no trabalho, menor carga horária, sistemas de protecção na doença e no desemprego, mas o que os sindicalistas ainda não se aperceberam é que pelo facto de o capitalismo estar tão entranhado no nosso quotidiano social, pois é o dinheiro que sustém todos os nossos luxos e mordomias, sendo muitos deles dispensáveis, é que os próprios sindicalistas tornaram as suas reivindicações mais capitalistas que o próprio patronato concebe.

Se eu for verdadeiramente Cristão e me apresentarem o Diabo, eu rejeito-o veementemente, mas se propuserem a um sindicalista aumentos de capitais às suas exigências, este regozija-se imediatamente, baixa a haste protestativa e dá o combate sindical temporariamente como terminado.

Houve em tempos um homem de esquerda que disse que a religião era o ópio do povo, talvez até fosse verdade, mas o sindicalismo irracional e meramente protestatório foi o ópio de Portugal ao longo dos seus 35 anos de democracia.