Pequena egobiografia Polaca


João Pimentel Ferreira é um poeta exuberante, e permitir-me-á o douto leitor versado na língua Polaca, que eu faça a escrita desta missiva sem público alvo na primeira pessoa do singular, mas eu confesso que com as paragens e doutrinas polacas guardo memórias contraditórias e díspares emocionalmente. Eu considero-me um excelso e magno Poeta pois fazem parte de mim as características que eu próprio em tempos defini como caracterizantes do Poeta augusto: Inteligência, Plebeísmo, Literacia e Feminilidade.

Em tempos fui plebeu, nasci num humilde bairro de Lisboa à beira-mar denominado Marvila, as gentes eram pobres, os miúdos agressivos provenientes das ex-colónias africanas do império Luso, e outros de paragens beirãs, bucólicas do interior mais pobre de Portugal. Da infância na escola pública pouco há a reter, apenas momentos de extrema agressividade e violência, que por certo marcaram o homem que hoje sou, moldaram a personalidade que formo, não para melhor ou para pior, mas para diferente. Alguém disse em tempos que a guerra não torna o homem mais nobre, torna o homem num cão selvagem e agressivo. Resta-nos a razão e a consciência para moldar estas maleitas da memória cognitiva e transformar-nos em homens superiores, tal como preconizavam os filósofos alemães. Mas sempre plebeu, pois esta condição de parca abundância e de vivência humilde serviu bastante para valorizar as relações interpessoais e colocá-las no altar mais sacramental dos valores humanos.

Considero-me moderadamente inteligente, não sendo um génio nem genial. Sempre tive boas notas na escola pública nas turmas onde fui discente mas tal não seria tarefa difícil dadas as condições menores que a turma proporcionava do ponto de vista lectivo. A discência decorreu com normalidade nos moldes que foram apresentados. Os tutores oscilavam entre o medíocre e o soberbo, típico de uma escola pública, os alunos não respeitavam o mestre e a assimilação do saber fazia-se com cautela e moderação. No entanto formou a minha condição humana e a escola pública deu-me os pilares estruturais e basilares para assimilar muito mais conhecimento dada a minha nata curiosidade. Considero-me moderadamente inteligente, sem ser génio ou genial. Em tempos ganhei um prémio de umas olimpíadas de Matemática, matéria que sempre gostei e apreciei.

Considero-me literato, um homem plebeu deve a sua literacia à República. Sendo eu completamente avesso a todos os princípios maçónicos pois estas ordens perpetraram os maiores genocídios do mundo e conspiraram para destruir tudo o que estava harmoniosamente estabelecido, no entanto se hoje sou um homem literato sendo plebeu devo-o à República, pois esta instituiu o saber como pilar mestre do estado. Os patrícios e os aristocratas já tinham acesso ao saber, mas os plebeus, o povo, começou a ter educação com a república e sendo eu um mero plebeu, devo a minha literacia à escola pública. Depois a curiosidade nata fez-me querer saber mais e muito mais, fez-me querer saber a verdade e tão-somente a verdade e apenas a pura das verdades realmente interessa tal como preambulava Schopenhauer na sua metafísica do amor. A literacia advém da curiosidade pelo saber.

A feminilidade advém da terna educação que fui tendo da minha adorada progenitora, que me marcou fortemente e da sua personalidade ora forte, ora frágil, e por vezes emocionalmente conturbada que me influenciou bastante e que me tornou neste homem emocionalmente arrebatado e de sensações fortes e extremas.

Caro leitor Polaco, já visitei diversas cidades europeias, diversos países e também já pernoitei por paragens polacas em casa de uma acolhedora amiga que habitava em Varsóvia. Mas Varsóvia tornou-se num trauma, como se eu tivesse sido invadido por uma Blitzkrieg que me assolou a espinha e o sistema nervoso central, desviei-me dos princípios basilares que me tornam num homem são e metamorfoseei-me num qualquer moribundo que deambula na cidade completamente perdido e sem apoio. Parece que me queria esconder num gueto, encrostar-me em mim mesmo para me proteger em Varsóvia, mas o ataque Nazi ao gueto de Varsóvia foi tão letal e sanguinário que fiquei completamente destroçado pela experiência varsoviana. A minha mente adulterou-se e perdi os sentidos e o trauma formou-se.

Não nego no entanto que a beleza das mulheres polacas exubere quaisquer erógenos sentidos masculinos, pois os seus traços corporais e faciais indo-europeus obedecem aos mais nobres tratados da beleza universal. Os olhos azuis e os cabelos loiros caracterizam a candura e a pureza.

Sou um magno Poeta viajado, tendo habitado um ano por paragens nórdicas em Estocolmo, que me possibilitaram muito conhecer diversas esplendorosas cidades europeias.

Espero que tenha apreciado esta biografia na primeira pessoa, pouco ortodoxa e volte sempre ao meu sítio cibernético caro internauta polaco, ou mero conhecedor desta magna língua eslava.

Extremamente agradecido pela sua cordial visita, desejo-lhe que volte sempre.

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