Desprezo as considerações tecnocráticas que me impedem a escrita erudita e metafísica. Renego os homens que me impedem a grafia nos papiros divinos cibernéticos, e quando grafo estes sinais digitais que oscilam entre zero e um, e quando codifico estas memórias com sinais eléctricos ao pressionar uma simples tecla nestes teclados alfanuméricos, estou a obedecer às bulas sacramentais que o próprio Santo António se referia quando dialogava com as criaturas aquáticas do lago onde meditava.
Não falo sobre o falo do Santo, mas poderia eventualmente falar da sua mão erguida que erecta nos céus me faria apetecer falar na mesma. Mas falo de Santo António. O homem, o beato, o santo, o douto homem que falava aos peixes, que pregava as suas doutrinas aos seres que o ouviam. Mas porque estes eram irracionais e não o entendiam, porque lhes dirigia a palavra o beato? Mas Deus, nas alturas, o Bondoso e o Verdadeiro Altruísta e Filantropo concedeu racionalidade aos seres anfíbios e estes, boquiabertos, estavam com a cabeça de fora de água, fora dos seus habitats naturais que os impedia de conseguir sequer respirar, pois as suas guelras apuradas por milénios de evolução adaptaram-se a retirar o oxigénio da água, estes seres com meio corpo fora de água não esperavam sequiosos o pão que o transeunte atira à água do lago, esperavam a Palavra, pois a Palavra é o pão divino que alimenta as almas dos infiéis e dos descrentes.
– Nem só de pão vive o Homem!
– É verdade! Nem só da Palavra vive o Homem!
Vive dos falos viris da Natureza,
Vive da brandura e da pureza
Vive dos momentos de altivez
Vive da cruz e do sacro três
Vive da carne e da beleza
Vive da técnica e da destreza
Vive para quem o fez
Vive do Mundo português
Vive da manha e da ardileza
Vive no calor da Frieza
Vive o dia a dia de cada vez
à espera do fim do mês
Porque como dizia o douto Ricardo, protelamos constantemente o mais importante pois consideramos não prioritário.
Pois a Palavra doravante terá de ser como o pão para o homem, como o pão para os peixes a quem o santo prega, como a palavra beatificada que os seres anfíbios acolhem. A Palavra é prioritária, a Palavra é bendita, é sacralizada, é sacra. Falo de Santo António. Sim, não falo do seu falo direito, falo da sua sacra missão, de como o Padre António Vieira, o seu homónimo falara dele, de Lisboa e de Pádua, de como a sua erecta e fálica estátua se encontra no cruzamento da avenida de Roma, capital do ecuménico império, e da avenida da Igreja, à qual no subconsciente associamos o símbolo do V invertido com a cristã cruz.
Santo António é um Homem douto, humilde, em que no mundo do pecado, da luxúria, da gula, da inveja, da ardileza e da sede sequiosa por poder e capital no fim do mês, os homens não o ouviam, e apenas os peixes recebiam o pão da palavra divina que o beato santificado propalava. Os peixes assimilavam o que o santo divulgava e ouviam-no atentamente.
Pois então se o meu blogue não tem os cibernautas que desejara desde há anos, perdoai-me Senhor pela minha sede vangloriosa por fama fútil, mas então que os poucos que me auscultam, sejam os nobres anfíbios, quais homens da Atlântida, os Escolhidos a quem a divina Divindade decidiu iluminar e abençoar.
Ouvi-me e escutai benditos peixes: Sois abençoados!
Quem assim seja!
Frade Filipe Pimentel
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